A igualdade de género

Daniel Pereira e Fernando Ribeiro | 12.º E
A igualdade de género é um conceito definidor da busca de equilíbrio entre os dois sexos. Rejeita a sociedade baseada na injustiça que tudo contamina, na discriminação incessante e na desvalorização. Quer o reconhecimento do que se é.
Transformamos a ideia de igualdade num enigma de difícil compreensão e explicação. Mas afinal o que é a igualdade ou a desigualdade? O que define o início ou final da liberdade de cada ser humano?
Independentemente de sermos homens ou mulheres devemos defender a equidade política, social e económica. Todas as opiniões devem ser válidas, todas as posições sociais devem ter igual importância, todos devemos ser valorizados pelas nossas capacidades e não pelas nossas características físicas. É necessária a mudança!
Eu, mulher, devido à minha maneira de vestir, de andar, de pensar sou criticada. Sou desvalorizada por ser mulher, aconselham-me a focar-me na casa e nos possíveis filhos, a preocupar-me com a minha aparência e não com a minha opinião política, económica ou mesmo social. Sendo eu uma mulher devia impressionar os outros com as minhas competências culinárias e não académicas ou profissionais. Basta!
Temos de criar uma comunidade onde todos, meninas e meninos, raparigas e rapazes, mulheres e homens usufruam dos mesmos direitos e deveres e sejam valorizados e suficientes por aquilo que fazem e são.


 Nesta causa Eu participo!

Renata Gaspar 11.º F

O Broas

Igualdade de Direitos?

Diogo Moreira | 12.º E
Sou rapariga. Serei mulher. Para mim, será sempre um motivo de orgulho. Não pude escolher, naturalmente, o meu género, contudo, gosto de pertencer ao sexo feminino, ao sexo que gera a vida, que luta diariamente pela mudança. São as mulheres o principal alvo de preconceito, não obstante todos os progressos já conquistados. As mulheres, para além dos desafios da vida diária, relacionados com o emprego, com a família e a própria saúde, enfrentam ainda uma grande batalha: o de se afirmarem numa sociedade formatada para aplaudir e apoiar o homem e colocar entraves às competências e iniciativas das mulheres.
Perguntar a uma adolescente se alguma vez sofreu alguma espécie de discriminação baseada no género é como perguntar ao sol se irá voltar a nascer após uma noite cerrada: a resposta será afirmativa. Pode variar o número de vezes, o grau de intensidade ou até a gravidade das situações, mas a resposta será sempre “Sim”. O simples facto de tal prevalecer no mundo inteiro, mesmo nos supostos países desenvolvidos, mostra o muito que as sociedades ainda terão que alcançar.
A desigualdade de direitos não se cinge aos salários inferiores, ao maior número de horas gastas em tarefas domésticas e à sua menor presença em cargos de alta chefia; engloba, para além disso, a educação imposta a cada um dos sexos. É desde pequenos que aprendemos que o azul é para os meninos e o rosa para as meninas, que os carros são dos rapazes e as bonecas das raparigas. Nas inocentes brincadeiras de crianças, as meninas tomam conta dos nenucos enquanto os meninos aventuram-se a ser bombeiros, polícias... Esperamos que os rapazes sejam sempre fortes e desafiadores e que as raparigas sejam discretas, embora propensas a zangas, choros, gritarias. É tudo uma questão de hormonas, certo?
Entretanto, crescemos, deixamos de ser as crianças inocentes no jardim-de-infância e saltamos para o recinto da escola do Primeiro Ciclo. Nessa fase, eu e as minhas coleguinhas passávamos os intervalos a observar os rapazes a jogar futebol e, em simultâneo, cochichávamos sobre os “colares” e camisolas que havíamos recebido. A maior parte das nossas conversas, todavia, eram direcionadas para a maria-rapaz do ano, a rapariga de cabelo apanhado e franja desgrenhada, que vestia um fato de treino azul e brincava com os rapazes. “Como se atreve?”, diziam as minhas amigas. E eu, no meu cantinho, achava-a uma corajosa. Quem é que se lembrava de ir jogar com aquelas “chitas” humanas, sujeita a levar uma bolada dolorosa na face?
Na minha opinião, é na adolescência que tomamos mais consciência do mundo em que vivemos. Atravessamos uma fase de maturação intelectual e começamos a juntar as peças do enorme puzzle que é a vida. Ouvimos as nossas avós aconselharem-nos a aprender a cozinhar, a engomar, a limpar o pó e cuidar da casa, não para nosso benefício pessoal, mas sim porque um dia nos será útil, no dia em que “casarmos e tivermos filhos”.
Mães e avós, tias e primas, juntam-se aos domingos, depois de almoço, a arrumar a cozinha enquanto os homens vão ao café.
Nós raparigas, se nos destacamos em qualquer tipo de atividade física, nunca temos o merecido reconhecimento já que “os homens são os verdadeiros desportistas”.
O atrevimento de andar na rua de calções, mesmo num dia em que a cidade se assemelha a um forno, paga-se caro: ouvimos piropos e comentários, por vezes, obscenos que fazem crescer em nós sentimentos de humilhação e impotência.
Sei que muitas mulheres vão remar sempre contra a corrente e fugir de ideias pré-concebidas. A nossa sociedade tem apresentado, contudo, consideráveis progressos, evoluindo calmamente. Nas novas gerações, rapazes e raparigas já tiveram a mesma educação na escola e que incentiva à tão desejada igualdade de direitos. A educação em casa é que, em muitos casos, ainda é diferente. Parece que as raparigas têm mais obrigação de participar nas tarefas domésticas que os rapazes. Mas há progressos. A História ensina-nos que o mundo necessita da mudança, necessita daqueles que refletem sobre a sociedade e apresentam alternativas ao que está, daqueles que desafiam as regras estabelecidas e querem melhor. A sociedade preconceituosa tem que acabar. Com os nossos protestos em alta voz, as nossas ideias justas e defensoras da igualdade, a denúncia das testemunhas tantos séculos silenciadas, a coragem e a perseverança que temos, vamos contribuir para que homens e mulheres estejam a par e não uns mais à frente que outros (outras).

E jamais cairemos nos rápidos!


Sofia Lopes | 11.º F




O Broas

Escrever Portugal…

Ivo Cardoso  e Maria João Nunes | 12.º E

Portugal, o nosso país, atualmente, é alvo de uma visão depreciativa, pela parte dos estrangeiros e pela parte dos próprios portugueses. Mas nem sempre foi assim, esta “ocidental praia lusitana” já foi o maior império do mundo, tendo os seus padrões espalhados por quatro continentes e monopolizando, quase por completo, as rotas comerciais do chá, das especiarias e do açúcar, o que tornava a nossa pátria numa superpotência económica nos séculos XV e XVI.

Então, qual é a causa geradora deste olhar pejorativo sobre um dos países mais antigos do mundo? A meu ver, a causa assenta nos próprios portugueses. Somos nós, insaciáveis e ambiciosos compulsivos, que esperamos sempre por mais, e nunca nos contentamos com o que temos. Somos filhos de uma nação de heróis, de lutadores de espadas e de penas, e, mesmo assim, deixamos a autocomiseração falar mais alto do que o orgulho em ser português.

É verdade que nos dias de hoje estamos na chamada “cauda da Europa”, as inovações tecnológicas, as modas, até as músicas, antes de cá chegarem, já passaram por países como a França, a Alemanha ou o Reino Unido. Mas também é verdade que estamos em recuperação de uma crise económica que nos abalou a todos e que, no entanto, teve a sua origem, tal como as modas e as tecnologias, nos países nórdicos, mais ricos e supostamente mais evoluídos. 

Podemos estar atrasados em certos aspetos do agora, mas fomos pioneiros numa série de áreas quando os outros, estrangeiros, não o foram. Fomos pioneiros na abolição da pena de morte, fomos pioneiros na expansão marítima, até fomos pioneiros no fim da escravatura. Os Estados Unidos ainda a teriam por mais 100 anos.

Posto isto, só quero demonstrar que não temos necessidade de buscar o que há lá fora, porque o que já é nosso por direito, herdado dos nossos antepassados que tanto lutaram por esta maravilhosa terra, é mais do que suficiente. É urgente impedir esta visão errada de que o que vem do estrangeiro é melhor, de que o que tem nomes franceses ou ingleses escritos na capa supera qualquer produto nacional.

Já disse Eça de Queiroz, no ano de 1888, na voz do seu João da Ega, que “Aqui importa-se tudo. Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciências, estilos, indústrias, modas, maneiras, pilhérias, tudo nos vem em caixotes pelo paquete. A civilização custa-nos caríssima, com os direitos de Alfândega: e é em segunda mão, não foi feita para nós, fica-nos curta nas mangas…”. Pois passaram mais de 13 décadas e a crítica continua atual.

Concluindo, há que deixar de ter pena de nós mesmos, deixar de invejar e tentar imitar os outros e passar a ter orgulho na nossa casa “à beira mar plantada” a que podemos chamar de peito feito de Portugal.

Sou português, sou o vencedor de dois prémios Nobel, sou campeão europeu no futebol e na música. Sou o secretário-geral da ONU e a 5ª língua mais falada no mundo. Sou patrimónios materiais e imateriais da Humanidade. O nosso país é o que nós quisermos que seja, é o povo e as suas conquistas, e será as nossas conquistas no futuro, por isso, posso dizer que, para além de ser português, sou muito mais do que isso, sou Portugal.
 Miguel Figueira | 11.º C




O Broas

Vamos dançar



A dança é uma forma de expressão que é fundamental para o desenvolvimento harmonioso e para o bem-estar das crianças, jovens e adultos.
É uma atividade física, rítmica e expressiva que trabalha a criatividade, a concentração, a coordenação motora e o domínio espácio-temporal. Representa ainda uma ótima e cativante prática desportiva, que contribui para melhorar a postura e o equilíbrio. Está também provado que a dança incentiva um melhor desempenho escolar dos alunos. Foram estes os objetivos que conduziram à criação do Clube da dança da Escola Secundária São Pedro, iniciativa das professoras Cláudia Costa e Maria de Jesus Pádua, que reuniram um grupo “ainda jovem”, com um ano apenas.
Foram exploradas diferentes atividades rítmicas expressivas, danças urbanas (Hip Hop, ...), danças sociais (Cha cha cha - Salsa - …), dança jazz, ginástica rítmica com aparelhos, ...

Os ensaios foram sempre muito animados e coreografaram-se espetáculos/participações em vários momentos da vida escolar, propiciando alegria, ritmo e música, contagiando todos os presentes. Entre esses momentos estão: 
- Dia da hispanidade
- Magusto Escolar
- Dias das línguas. 
Muitos outros momentos de feliz e são convívio virão.


Não te esqueças... contamos contigo no próximo ano! 


As professoras dinamizadoras - Cláudia Costa e Jesus Pádua


O Broas

Descobrir Símbolos Femininos de dizer Deus

Numa estação (teológica), como a que vivemos, em que se vem acentuando a necessidade da passagem de um pensamento teológico especulativo a uma teologia narrativa (Maria Clara Bingemer, 2018), em que um dos loci theologici é a autoridade daqueles que hoje, mais nas fábricas, nas ruas, ou nas prisões – ou, tão recentemente ainda, nos lager e nos gulag – do que, porventura, nos claustros se oferecem como mediação de uma absoluta responsabilidade pelo outro, modo de presença de Deus no mundo, biografia para (e com que) contar, quadrará bem que símbolos femininos de dizer Deus estejam cada vez mais presentes. De acordo com Isabel Gómez-Acebo (2014), o feminino aproxima-nos da terra e de tudo o que está relacionado com o ciclo da vida: gestação, nascimento, nutrição, morte, a ideia de proteção, abrigo, calor. As imagens paternas/masculinas falam-nos do lugar que temos de alcançar, como o céu, identificando-se, ainda, com a razão, o espírito e autoridade: “frente à obscuridade, à descida à intimidade e à lua do mundo materno, o masculino projeta a luz e o sol.”
É preciso subir para alcançar os seus valores, que exigem um esforço que se mede e regula através da lei e da justiça” (2014, p.184). Se o masculino privilegia, pois, a transcendência e o feminino a imanência - e ainda que, evidentemente, devamos, aqui, sublinhar a necessidade de superar estereótipos e a universalidade potencial de cada uma das abordagens nas imagens/conceções de Deus (portanto, passíveis de estarem presentes quer entre homens quer entre mulheres; no entanto, tomados assim enquanto “tipos ideais”) -, esta será a hora de recuperar e relembrar o Deus-mãe que não julga os filhos com os mesmos olhos e a mesma medida com os outros o julgam (“Bernardo Claraval dizia que não havia pecados perante Deus mãe, pois para ela todas as coisas negativas eram travessuras infantis”, p. 187); o útero materno do calor e a presença tranquilizante da Mãe, a certeza da fidelidade materna (ideias implicitamente presentes na espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus); as (maternas) dores do parto, presentes no Cristo que se oferece por amor, na gestação de uma nova Humanidade (um Deus que é pessoal e não impassível perante as dores do mundo); um Deus que atua quando o Espírito amolece os corações de pedra para que, como as mães, amamentem os famintos.
Etty Hillesum – e no fragmento podemos ver o Todo - não quis descer do lager, a judia que podia ter fugido mas que preferiu cuidar dos moribundos no campo de concentração, que interessa lá viver mais um dia?, enquanto contemplava um jasmim, e, no entanto, não tenho culpa de não achar a vida desprovida de sentido, e, dirigindo-se ao Deus com quem dialoga em permanência, ousa dizer-Lhe que estará ali para O ajudar (quando Ele não a puder, de modo direto, ajudar a ela), Ele que de modo imediato não suspenderá as leis da natureza (deus-bombeiro).

Deus é a realidade da realidade, sempre presente no mundo), mas que operará sempre que eu assumir a responsabilidade ética pelo outro (o rosto do outro que me remete para o Outro e que me diz “Não matarás”). Como recorda José Tolentino de Mendonça (2018), um dos passos bíblicos que continua a fazer-nos estremecer dá-se quando Jesus exorta a samaritana: «Dá-me de beber» (Jo 4,7). Habituados a ir à fonte, esperando ser nós os saciados, somos confrontados com uma tarefa que continua a ser nova: assumir, por completo, em liberdade e responsabilidade (autonomia heterónoma), essa vocação de corresponder à mais íntima das sedes (intimior intimo meo, Agostinho) que trazemos connosco e procurar responder-lhe por inteiro.
O Papa João Paulo I disse-nos que Deus é tanto Pai como Mãe, e estando para lá do sexo, convida-nos, neste tempo, a considerar a necessidade de sopesar o modo como nos temos detido a procurar contemplá-Lo (Deus que está, é certo, para lá de qualquer definição, imagem, conceito que Dele tenhamos – «de maior nada pode ser pensado», «se compreendes, não é Deus», sabendo-O, em razão crente que abarca a pessoa toda nas suas múltiplas dimensões não captadas pelo estrito positivismo, é certo, presente no Amor; «Deus é [como o] Amor» 1 Jo 4:8).

Pedro Miranda | Professor de EMRC  
                                                                                                                                   

O Broas

Vamos ao Teatro



Do sonho e vontade das professoras Cláudia Costa e Teresa Bamond, nasceu, no presente ano letivo, o Clube de Teatro da Escola.
Encenou e apresentou a dramatização do livro, A Menina a ler sonha com o Mar, cujo lançamento ocorreu no Dia das Broas. Esta obra traduz uma homenagem à icónica e carismática estátua criada por Maurício Penha, que honrosamente personaliza a Escola Secundária de São Pedro há mais de cinco décadas.
Em colaboração com a disciplina de Espanhol e respondendo à solicitação da professora Sílvia Meireles, no Dia de Cervantes, 23 de abril, foi realizada uma representação de D. Quixote de la Mancha.
No final deste ano letivo, foi apresentado um teatro de marionetes, Reflexão de Einstein sobre a bomba atómica, no dia 6 de junho, pelas 22:00 horas, na Praça do Município, e repetiram, o mesmo teatro de marionetes, na IV Cerimónia da Entrega do Livro de Curso.
O Clube de Teatro é um projeto que possibilita aos alunos desenvolver as suas capacidades artísticas, expressivas e emocionais em articulação com todo o conhecimento científico transmitido nas diferentes áreas disciplinares.
Agradecemos a disponibilidade da CAP da Escola Secundária de São Pedro, da Biblioteca Escolar, das colegas que facultaram alguns materiais e sobretudo o empenho e dedicação dos nossos alunos.



Bem haja a todos e os nossos sinceros agradecimentos por terem embarcado nesta aventura inicial connosco!


As professoras dinamizadoras - Cláudia Costa e Teresa Bamond



O Broas

Igualdade de Género


A Igualdade de Género é assunto de extrema importância, debatido a nível global, afeta todos os países do Mundo, tema de debates, colóquios, agendas nacionais e internacionais. A definição de igualdade no dicionário espelha o objetivo de todas as reflexões elaboradas acerca do tema: “o princípio de organização social segundo o qual todos os indivíduos devem ter os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades.”. Contudo, desde os primórdios da Humanidade, que as desigualdades com base no género ocorrem, afetando sobretudo as mulheres: consideradas inferiores, menos capazes, fracas.

Focando-nos na discriminação da mulher, tanto a nível social como em termos de direitos políticos, encontramos relatos aterradores e muito claros ao longo do percurso da História. Nas civilizações clássicas, dadas como exemplos supremos de cultura, descobrimos a democracia ateniense, que não considerava as mulheres cidadãs. Elas tinham uma posição de inferioridade social em relação aos homens, dedicavam-se às tarefas domésticas, ao cuidado dos maridos e à criação dos filhos. As mulheres eram obrigadas a ser subservientes aos seus cônjuges e a prestar-lhes total fidelidade. Eram proibidas de conviver com indivíduos do sexo oposto, excetuando os seus parentes, após o casamento.

Na Idade Média, a situação das mulheres não era melhor. Poucas sabiam ler ou escrever, no entanto, todas sabiam cozinhar, costurar e cuidar da casa. As mulheres do povo trabalhavam na agricultura, tecelagem e contribuíam para subsistência da família.

Na Idade Moderna, com o capitalismo, a mulher começa a ter pequenas conquistas: desempenhava um papel crucial na economia familiar, auxiliando o marido nos negócios e empregando-se no serviço doméstico e nas oficinas têxteis. As mulheres pertencentes à aristocracia obtiveram igualmente direitos: administravam a casa e conquistaram o “direito” de discutir com os seus maridos assuntos como a filosofia e a literatura. Contudo, há retrocessos: registou-se um aumento do número de prostitutas, devido ao alastrar da pobreza.

Na Idade Contemporânea, foram conquistados os maiores direitos para a mulher. Em 1893, a Nova Zelândia foi o primeiro país do Mundo a dar o direito de voto às mulheres, graças ao movimento liderado por Kate Sheppard.

Em 1945, a igualdade de direitos entre homens e mulheres é reconhecida na Carta das Nações Unidas. A pílula contracetiva, que surgiu no início da década de 60, do século XX, originou a revolução dos hábitos sexuais e permitiu à mulher gerir a sua vida sexual e controlar o número de filhos. Devido à 1.ª Guerra Mundial, a mulher começou a trabalhar em empregos até então ocupados pelos homens.

Não obstante as conquistas já efetuadas, a desigualdade de género prevalece, sendo mais visível nos países em vias de desenvolvimento, onde a igualdade é uma utopia. Em pleno século XXI muitos países continuam a recusar os direitos à sua população feminina.

No domínio religioso, a mulher desempenha um papel de subalternidade face ao homem. Esta ideia está expressa na Bíblia, no Corão, em todos os textos religiosos que fundamentam as religiões. Os casos mais flagrantes de desrespeito são os do Hinduísmo e do Islamismo, sobretudo o fundamentalista. O primeiro é a religião mais praticada na Índia, as mulheres indianas estão no topo das estatísticas mundiais em termos de prostituição, assassinato, abuso de raparigas menores, mulheres vendidas como escravas e vítimas do vírus da SIDA.

Na religião islâmica, mais grave na vertente fundamentalista, considera-se a mulher um mero “objeto”. São chocantes os comportamentos: o homem pode bater na mulher, a poligamia é aceite, as mulheres estão proibidas de liderar e só se podem casar com autorização do pai. São consideradas “imperfeitas”, tanto em termos de mente como de testemunho, e não podem recusar ter relações sexuais com os seus maridos. No Ocidente é considerado violação, para os muçulmanos, é simplesmente um direito.

Para alcançarmos a igualdade de género, algo que deveria estar assegurado, há muito a ser feito. Homens ou mulheres somos, todos, seres humanos.
Em Portugal, há mais mulheres licenciadas que homens. Não obstante, os homens ganham mais 17,8% do que as mulheres pelo mesmo trabalho e no mesmo período de tempo.

No campo da violência exercida sobre o sexo feminino, os dados são aflitivos. Segundo a OMS, estima-se que 35% das mulheres em todo o mundo já tenham sofrido qualquer tipo de violência sexual por parte do companheiro ou por parte dum desconhecido. Em Nova Deli, 92% das mulheres afirmam ter sido vítimas de violência sexual em espaços públicos.

Toda esta desigualdade de géneros a que assistimos assenta em crenças, ideias, valores religiosos, sociais e políticos, atividades laborais discriminatórias e desigualdade salarial entre homens e mulheres, designadamente no mundo empresarial. Este problema cultural persiste. Sobretudo nos dois últimos séculos, várias organizações têm feito o possível e o impossível para o combater: desenvolvem ações de antidiscriminação e de política afirmativa quanto à igualdade de género. Destacamos a Organização das Nações Unidas e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que defende que «todas as crianças tenham iguais oportunidades para desenvolverem os seus talentos».

Dia 1 de janeiro de 2018, entrou em vigor, na Islândia, a primeira lei que proíbe que se paguem montantes inferiores às mulheres que ocupem o mesmo cargo e desempenhem as mesmas funções que um homem; as empresas que empreguem 25 ou mais trabalhadores ficam sujeitas a multas se não praticarem a igualdade de salários. Este é um dos fatores que leva a Islândia a ser, pelo oitavo ano consecutivo, o melhor país do mundo para as mulheres.

A transformação e desconstrução das representações sociais acerca da mulher e do homem são um processo urgente, ainda que lento. É crucial desconstruir os estereótipos sociais, que desenham o homem como sendo forte, viril, desprovido de quaisquer sentimentos ou emoções, racional, e a mulher como um ser fraco, sentimental, tomada pelas emoções.

Como findar estes abusos e discriminações baseadas no género? O processo passa pela educação, sendo que o sistema educativo se estrutura, também, como um espaço sensível e privilegiado no âmbito das questões do género, desde o ensino pré-primário até à universidade e à formação profissional. Assim, é necessário educar as crianças a respeitarem todo e qualquer ser humano, independentemente de fatores arbitrários, tal como o género.

Em conclusão, nunca devemos deixar de lutar por um mundo mais igualitário. Como raparigas, futuras mulheres e, acima de tudo, seres humanos, merecemos habitar num lugar justo, com igualdade em todas as áreas da vivência humana. Lutamos pela concretização de uma utopia pintada nos desejos de todas as mulheres que foram presas, torturadas, até mortas, por defenderem os seus direitos.         

Rita Simões - Sofia Lopes | 11.º F


O Broas

Tenho Direito a Não Ser Discriminado

 Astrid Silva | 9.º F
Os alunos do 10.º G participaram numa Oficina de Escrita dinamizada pela Professora Alexandra Alves, na Biblioteca Escolar. O tema era a Igualdade de Direitos e uns alunos descreveram situações em que se sentiram discriminados pelo facto de serem rapazes ou raparigas. São esses testemunhos que aqui tornamos visíveis.

Pelo facto de ser rapariga, os meus pais não queriam que eu fosse à Escola, queriam que só o meu irmão fosse estudar. Felizmente, tomaram a decisão correta e, por vezes, penso que talvez tenha sido esta situação que levou à minha “paixão” pela Escola e por aprender.

No ano passado, houve dois candidatos para a eleição do Delegado de Turma: um rapaz e uma rapariga. Era evidente que o rapaz era mais competente para exercer o cargo, mas as raparigas, em maior número, uniram-se e elegeram a rapariga. E esta não desempenhou bem o seu cargo.

Quando acabei o 3.º ciclo, eu queria ir para Lamego tirar um curso de culinária, mas a minha Mãe não deixou por eu ser rapariga. Quando o meu irmão quis ir para o ensino profissional, a minha Mãe deixou. Senti-me injustiçada só porque sou mulher!

Fomos a uma festa e, para entrar, formou-se uma fila que demorava a avançar. Quando já estávamos cansados, o Porteiro decidiu deixar entrar primeiro as raparigas. Protestámos, mas não valeu de nada, tivemos que esperar mais ainda.

Não gostámos quando vamos na rua e os homens acham-se no direito de nos dizerem coisas, muitas delas desagradáveis, sobre o nosso corpo ou referindo-se à sexualidade.
É humilhante.

Há raparigas que, por desafio com outras, ou para se divertirem, fazem questão de nos provocar e, se nós não estamos interessados, fazem comentários maldosos sobre a nossa orientação sexual quando passámos e à frente de outras raparigas. É horrível.

O meu avô é empresário agrícola e quando eu e o meu irmão íamos ajudar, por exemplo, na apanha da azeitona, ele pagava mais ao meu irmão do que a mim.
Não gostei, sou rapariga, mas trabalhei tanto como ele.


Alunos do 10.º G



O Broas

Essência "tica" alma portuguesa




Luís Angel Valverde Araya, estudante costarriquenho, escolheu a cidade de Vila Real para, durante um ano, viver e conhecer a cultura portuguesa. Na Escola S. Pedro, o Luís conviveu, aprendeu a língua, a cultura, os costumes e fez amigos entre os colegas e professores. Desta experiência dá conta no livro Essência “Tica” Alma Portuguesa que foi escrevendo ao longo do ano e que apresentou terça-feira, dia 5 de junho. A este acontecimento aliou-se a homenagem que a família de acolhimento e a Escola São Pedro lhe quiseram prestar.
Foram interlocutores, a Senhora Vereadora da Cultura, Drª Eugénia Almeida, a Presidente da Intercultura - AFS (Associação de Juventude e Voluntariado), a Presidente da CAP, Drª Rita Mendes, a professora de História A, Drª Rosalina Sampaio e, claro, o autor do livro. Narraram-se alguns dos divertidos “equívocos” da aculturação do Luís, o seu encantamento quando viu nevar, pela primeira vez na sua vida, e salientou-se o excelente percurso escolar efetuado, o domínio adquirido na Língua Portuguesa falada e escrita e o civismo e polidez, imagem que perdurará em todos, que contactaram de perto com o Luís, aluno brilhante e companheiro afável.
Na sua intervenção o Luís focou as “dores de crescimento” que afetam os adolescentes, a ele inclusive, e como no seu desejo de solidão encontrou a escrita como porto seguro, primeiro sem entender a finalidade do que fazia e, depois, em Portugal, descobrindo a importância do que escrevia e o poder de catarse que a escrita possui. Nas suas palavras, portuguesas, confirmou a maturidade que já tem e que está para além do que é expectável num jovem de 17 anos. Cremos que esta experiência de atravessar o Atlântico, sem a família biológica, deixar a sua vida no novo mundo para viver, durante dez meses, uma nova vida no velho mundo também contribuiu para a profundidade das ideias reveladas.
A festa de despedida foi muito emotiva. Nos colegas, nos professores, em todos os que tiveram o privilégio de mais de perto com ele conviver o Luís deixa saudades e uma excelente impressão.
A Escola S. Pedro deseja-lhe muitas felicidades nas suas novas aventuras e, houve quem prometesse, que no dia em que ele tomasse posse como Presidente da Costa Rica, estaria lá!
Promessa é promessa!


A CAP, a Biblioteca Escolar e a Coordenação d’O Broas

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