A Escola e as Pessoas - Assistente Operacional Sílvia Lage

Sílvia da Conceição Peixoto Pinheiro Lage
Natural de Vila Real (freguesia da Torgueda)
9.º ano de escolaridade
Casada - dois filhos
Assistente operacional nesta Escola há 12 anos.
Redes sociais é assunto que desconhece.

 A minha ligação a esta Escola é curiosa, começou como Encarregada de Educação, os meus dois filhos estudaram aqui do 7.º ano ao 12.º ano. O meu filho mais velho tem 29 anos e a minha “menina” tem 26 anos. Já?! Como assistente operacional comecei há 12 anos. Devo dizer que foi o meu único emprego. Escolhi esta Escola porque é a que fica mais perto de minha casa e sempre ouvi falar bem dela. Trabalho no Balneário Feminino e gosto muito do que faço e do facto de conhecer, bastante bem, as alunas da Escola. Sou muitas vezes confidente e ombro amigo.


Sílvia Lage

A Escola e as Pessoas - Assistente Operacional Cândida Gonçalves

Cândida Alice Pinto Matias Gonçalves
Natural do Porto
Na sua infância viveu em Luanda e Benguela
Vive há 34 anos em Vila Real
Casada - mãe de dois filhos
Tem o curso de Técnica de Biblioteca da UTAD
Está a concluir uma licenciatura em Educação na Universidade Aberta
Está no Facebook, Hi5 e WikiSpace, tem 2 blogs sobre educação. O curso obriga!

A minha vida cruzou-se, pela primeira vez, com a da Escola há 32 anos, em 1976, quando vim fazer o 9.º ano de Contabilidade. Nos anos seguintes, no regime nocturno, fiz o 1.º e 2.º anos de Contabilidade. Interrompi a minha ligação com a Escola e, em 1981, retorno para fazer o 12.º ano à noite. Em 1999, regresso definitivamente para trabalhar como auxiliar da acção educativa. Aliás, tinha feito aqui exame para concorrer para esse emprego. Trabalho há 12 anos nesta Escola e há 11 na Biblioteca. Gosto da Escola e de trabalhar na Biblioteca. Gosto do serviço de catalogação, da informática e de lidar com os alunos. Constato que houve uma evolução muito grande na tecnologia e no trabalho que é cada vez mais exigente e complexo. Gostava que a Biblioteca estivesse mais actualizada nos seus equipamentos. Vamos esperar pelas ansiadas obras.

As actividades das festas das Broas são momentos de revelação, espanto-me com os dotes dos alunos que cantam, dançam, representam,… sensibilizou-me muito a presença de antigos alunos no funeral de uma funcionária. Prova que existem laços afectivos entre os alunos e os, agora, assistentes operacionais.

O acontecimento que mais me marcou foi a guerra colonial que afectou, directamente, a minha vida.  Pôs fim à minha infância feliz em espaços abertos e amplos horizontes. Tinha 13 anos e acompanhada pelo meu irmão de 19 anos saímos de Angola debaixo de fogo.  Fomos de barco do Lobito para Luanda. Em Luanda estivemos, com muitas outras crianças e jovens, três dias no quartel à espera da oportunidade de fazer a viagem para o aeroporto. Tentámos, várias vezes, mas éramos apanhados por fogo cruzado e tínhamos que recuar. Por fim conseguimos.

Momentos felizes, nestes 50 anos, foram a minha infância num clima tropical, com muito sol, perto de praias de águas cristalinas e quentes, com fruta saborosa e sumarenta. Recordo cheiros, sabores, o colorido das roupas, a alegria. Já adulta, o meu casamento, quando tinha 25 anos, o nascimento dos meus filhos, neste momento com 22 e 10 anos, as férias na Suíça, a neve é bela, onde o marido esteve a trabalhar...

Para o futuro, não tenho sonhos, ambições materiais. Grande casa, grandes carros, não me interessam! Quero acabar o meu curso, ver os meus filhos formados e empregados. Saúde para todos. Desenvolvimento para o país e melhores condições de vida para os Portugueses. Será pedir muito?




A Escola e as Pessoas - Professora Rosalina Sampaio

Rosalina Augusta Soares Alves Sampaio
Natural de Chaves - criada em Guimarães e Lisboa
Licenciada em História pela FCSH da Universidade Nova de Lisboa
Professora de História há 24 anos
Casada - mãe de dois filhos
O tema do jornal “obrigou-a” a descobrir o mundo das redes sociais. É uma área a explorar!
 





A escolha desta fotografia
é uma homenagem à irmã Bernardette
a pessoa mais importante da minha infância.







A Escola de S. Pedro entrou, de modo efectivo, na minha vida quando saíram os resultados do concurso de colocação de professores de 2009 e passei a pertencer ao quadro definitivo desta Escola. Consegui, à terceira tentativa, ser colocada em Vila Real, na primeira escola que escolhi.  Quando aqui me apresentei, não era a primeira vez que entrava na Escola. O ter sido, muitos anos, correctora de exames nacionais do 12.º ano conduziu-me, a ela, em diferentes anos. Gostei da entrada e do arvoredo, mas constatei o quão velhinha a Escola era no interior. Nesta Escola, satisfiz um grande desejo: dar aulas em salas com estrado. Não tem nada a ver com autoritarismo, é prático e permite uma visão excelente e completa da turma. Espero que as obras de remodelação não os eliminem.

A minha vivência na Escola é curta para ter uma visão definitiva. Comparando com outra, em que trabalhei muitos anos, reconheço que esta funciona muito melhor a todos os níveis. Apercebi-me que quanto maior é o meio, melhor é a preparação dos alunos e mais interventivos são os encarregados de educação. Por vezes, com alguns exageros.  A Festa das Broas foi uma descoberta inesperada e agradável. 

Quase 50 anos de vida dão-me tolerância, novas perspectivas e permitem-me relativizar muito do que considerava importante. Por outro lado, tira-me paciência para a estupidez, ignorância e afins, fanatismos e outros “ismos”. Desgosta-me a “nostalgia” do Salazar que vejo, por vezes, evocada. Eu tinha 12 anos no 25 de Abril de 1974 mas lembro-me bem do nível de vida da maioria das pessoas. Era muito mau. Fico pesarosa quando ouço criticar, por hábito, o país e os Portugueses. Quando vivemos no estrangeiro, eu vivi ano e meio em Paris, reconhecemos o quanto amamos o nosso país e valorizamos os aspectos positivos. Já sobrevivemos a quase nove séculos de História (completam-se a 5 de Outubro de 2043), havemos de ultrapassar todos os escolhos que vão surgindo no caminho. Lamento o “abandono” a que foi votada a História, sobretudo a História de Portugal, no Ensino Básico. A História é fundamental para nos situar no Mundo e desenvolver competências e valores como o espírito crítico e a tolerância. Citando Norman Cousins “A História é um enorme sistema de aviso prévio.” Talvez se os políticos soubessem mais História não cometessem os erros que fazem. O talvez está a mais!

Para os próximos tempos queria, sobretudo, tempo. Tempo para coisas simples, prosaicas, ou mesmo ridículas para alguns, que me renovam a alegria e me apaziguam com a vida. Tempo para ir procurar violetas, nas margens dos rios, ribeiros e riachos, para mergulhar os pés e pernas nos rios de águas mansas. Um dos meus sonhos é ter uma casa nas margens de um ribeiro. Queria tempo para ler todos os livros maravilhosos que ainda não li, ver ou rever todos os filmes que me apaixonam, voltar a extasiar-me perante os Nenúfares de Monet no Musée de L’Orangerie, em Paris, deslumbrar-me, “encore une fois”, com as rosáceas de Nôtre-Dame, contemplar a nossa Custódia de Belém, para mim a obra de arte mais bonita do nosso património artístico, no MNAA (Museu Nacional de Arte Antiga). Tempo para (re)visitar castelos e museus. Dois meses para percorrer, em Itália, os caminhos do Renascimento. Florença, Siena, Veneza, Roma...

Procuro, nas aulas e actividades que desenvolvo com os alunos, transmitir o conhecimento e a grandiosidade da nossa História e o respeito pela nossa identidade e cultura. Viva Portugal!


A Escola e as Pessoas - Professora Carmen Carvalho

Carmen Maria Pais de Carvalho
Natural de Viseu - casada - duas filhas
Professora de Biologia e Geologia
Vive em Vila Real há 19 anos, 13 dos quais a leccionar nesta Escola.
Não pertence a nenhuma rede social, nem sente necessidade.


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A Escola S/3 de S. Pedro entrou na minha vida em Setembro de 1992, tinha 30 anos de idade e a minha primeira filha era recém-nascida. Concorri para Vila Real para que a família ficasse unida, o meu marido estava a trabalhar na UTAD. Foi um ano difícil, arrasante! A menina era bebé, não tinha apoio de pais ou sogros, que estavam longe. Leccionava oito turmas o que perfazia mais de 200 alunos. Tinha aulas ao sábado, até às 13 horas. Nessas manhãs, o convívio era agradável e alegre, os professores eram novos e havia os grupos de estagiários. Lembro-me de algumas turmas marcantes e originais, só de rapazes repetentes, de desporto. Na minha profissão, para lá do prazer de ensinar, gosto da comunicação com os alunos, de acompanhar esta fase importante das suas vidas. É o sal da profissão. Estive um ano no CAE e aí descobri o quão gosto de dar aulas.
        
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Nos acontecimentos, destaco a Feira Medieval que decorreu em Março de 2008.  Foi um momento de união sem precedentes, toda a comunidade escolar se empenhou e participou. A Câmara e o Governo Civil foram, igualmente, envolvidos nessa dinâmica. Nesses dias consegui ser da  nobreza e ser cigana. É bom pormo-nos no lugar dos outros, ganhar outras perspectivas.

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Nestes quase cinquenta anos, vivi alguns dos momentos fundamentais na vida de um ser humano. Conheci o meu marido em Coimbra, onde ambos estudámos e nos descobrimos conterrâneos de Viseu que nunca se tinham cruzado. Constituí uma família adorável, por vezes relegada para segundo lugar, devido a esta profissão tão exigente e absorvente. No futuro, mudarei de Escola e de terra se tiver que ser. A vida é feita de mudanças.
Marcou-me positivamente o Projecto Comenius. Com a colega Elsa Rebelo fui à Alemanha ao encontro preparatório para elaborar o projecto. Interagimos com a Suécia, Bósnia, Holanda, Alemanha, Polónia e Reino Unido. Estive no 1.º encontro de professores e no último, na Holanda, com os alunos.
Como projectos futuros quero fazer um doutoramento e talvez outra licenciatura, aprender a falar Inglês correctamente, aprender outras línguas, eventualmente viver noutro país.
Gostava que os professores fossem tratados com a dignidade merecida, a começar pelos próprios colegas. A união dos professores na luta pela carreira docente e contra a injustiça do processo de avaliação foi um dos momentos mais gratificantes que vivi. As manifestações em Lisboa foram emocionantes! Durou pouco a união! Lamento!


História da Escola e de Quem a Habita

A Escola e as Pessoas

A Escola faz 50 anos! Fomos procurar pessoas que aqui trabalham e partilham com a Escola o ano do nascimento - 1961. Pedimos a duas professoras e duas assistentes operacionais para darem o seu depoimento/testemunho, contemplando os seguintes itens - Quando e como a Escola entrou nas suas vidas - O que comportam 50 anos de vida -  Quais os acontecimentos que destacam na sua vivência de 50 anos - Quais os projectos para os próximos 50 anos (?!?!). E, porque o tema obriga, qual a ligação que têm às redes sociais.


Os testemunhos:
Assistente Operacional Cândida Gonçalves
Assistente Operacional Sílvia Lage
Professora Carmen Carvalho
Professora Rosalina Sampaio







A Escola faz 50 anos! Fomos procurar pessoas que aqui trabalham e partilham com a Escola o ano do nascimento - 1961. Pedimos a duas professoras e duas assistentes operacionais para darem o seu depoimento/testemunho, contemplando os seguintes itens - Quando e como a Escola entrou nas suas vidas - O que comportam 50 anos de vida -  Quais os acontecimentos que destacam na sua vivência de 50 anos - Quais os projectos para os próximos 50 anos (?!?!). E, porque o tema obriga, qual a ligação que têm às redes sociais.


Portugal e o Mundo em 1961

Cronologia - 1961
  
12 de Janeiro - Assalto ao paquete Santa Maria em Curaçao, no mar das Caraíbas, pelo comando único do Directório Revolucionário Ibérico de Libertação, na operação Dulcineia, organizada pelo capitão Henrique Galvão com um grupo de 23 homens. O principal objectivo é denunciar o carácter ditatorial e antidemocrático do Estado Novo. A tutela política deste acto é do general Humberto Delgado. O nome do navio é rebaptizado de Santa Liberdade. O sequestro terminou com a entrega do navio às autoridades brasileiras, no início de Fevereiro. Delgado e Galvão receberam asilo político no Brasil.
  
4 de Fevereiro - Nacionalistas angolanos atacaram, em Luanda, a Casa de Reclusão Militar, o quartel da PSP e a Emissora Oficial de Angola. O funeral das vítimas policiais deu origem a violentas perseguições e matanças em vários locais da cidade. Começava a guerra colonial que se estenderia a Moçambique e à Guiné-Bissau. Esta guerra obrigou ao envio de grandes contingentes militares cumprindo o desígnio de Salazar: “Para Angola, rapidamente e em força!” A guerra colonial só terminou em 1974/1975.
 
12 de Abril - O cosmonauta soviético Yuri Gagarine, a bordo da nave Vostok I, faz o primeiro voo orbital de 108 minutos, tornando-se no primeiro homem no espaço. Este acontecimento é um marco importante na exploração do espaço que possibilitará, em 1969, a chegada do Homem à Lua, na missão Apolo XI.
23 de Maio - Eusébio da Silva Ferreira estreia-se como jogador no Benfica, num jogo amigável contra o Atlético, no qual, Eusébio marcou 3 dos quatro golos.
31 de Maio - O Benfica conquista a sua primeira Taça dos Campeões Europeus ao derrotar, na final, o Barcelona com o resultado de 3 - 2.
  28 de Maio - inicia-se a divulgação da campanha da Amnistia Internacional. Este organismo foi criado por Peter Benenson, advogado britânico, depois de ter lido a notícia que dois estudantes portugueses foram condenados a 7 anos de prisão por terem feito, em público, um brinde à liberdade. A Amnistia Internacional denuncia a violação dos direitos humanos  no Mundo. Todos os anos publica uma lista negra com os países onde esses direitos não foram respeitados no ano anterior.
1 de Agosto - As autoridades do Daomé, actual Benim, exigem aos dois representantes portugueses que abandonem o Forte de S. João Baptista de Ajudá. A mando de Salazar, o Forte é incendiado. Começávamos a perder o império.
 13 de Agosto - O Muro de Berlim começa a ser construído na madrugada deste dia para estancar a deslocação massiva de pessoas da RDA para a RFA. O Muro terá 66,5 Km de gradeamento metálico, 302 torres de vigia, 1127 redes metálicas electrificadas e com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Muitas pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas ao tentar atravessá-lo. Foi derrubado Na noite de 9 de Novembro de 1989, ao fim de 28 anos de existência, foi derrubado o Muro da Vergonha.
 
18 de Dezembro - Por decisão de Nehru, o exército da União Indiana invadiu, ocupou e reintegrou no seu território as possessões portuguesas de Goa, Damão e Diu. O governador-geral, Vassalo e Silva, decidiu-se pela rendição, face à desproporção de forças existentes. Salazar nunca aceitou essa decisão e castigará severamente o responsável e os militares envolvidos. Para ele só podia haver mortos ou heróis.
19 de Dezembro - Uma brigada da PIDE assassina o escultor e pintor comunista José Dias Coelho, na Rua dos Lusíadas, em Alcântara, Lisboa. A sua morte servirá de inspiração à canção de José Afonso A Morte saiu à rua num dia assim...
 
Trabalho de pesquisa dos alunos do 9.º A - Ana Olival - Diana Martins - Eduardo Osório - Sílvio Capela
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