A Presença de Vila Real na Guerra em África



25 de Abril Sempre! Fascismo Nunca Mais!

É preciso lembrar e comemorar abril. É urgente ensiná-lo às novas gerações. É necessário ter consciência que a liberdade não é uma conquista definitiva. Para ensinar e relembrar o dia extraordinário que pôs fim a 48 anos de Ditadura, o grupo disciplinar de História concretizou duas grandes iniciativas subordinadas a estes objetivos: Conhecer as consequências do colonialismo do Estado Novo - Identificar as três frentes de batalha da Guerra Colonial - Ouvir o testemunho de intervenientes diretos no conflito - Aprender e explorar poemas e canções sobre a Guerra Colonial - Recolher informação sobre a Guerra Colonial - Relacionar a História local com a História nacional - Refletir sobre a herança da Guerra Colonial.
Ao longo do segundo período, os alunos realizaram  pesquisas junto de familiares que viveram em África ou aí cumpriram serviço militar, em livros e na Internet, sobre o tema Guerra Colonial. Recolhida e explorada a informação, elaboraram-se os trabalhos para as duas grandes atividades.
A primeira atividade foi a Exposição - Guerra Colonial: um passado recente - que esteve patente no átrio principal da Escola, na semana de 23 de abril a 02 de maio. Foi constituída por trabalhos realizados pelos alunos do 9.º ano: quadras e desenhos; fotografias de familiares de alunos que cumpriram o serviço militar numa das três frentes de guerra, em África; espólio fotográfico, gentilmente cedido pelo Senhor António Duarte Carvalho, um apaixonado pela temática da guerra e que tem desenvolvido um interessante e necessário trabalho de recolha de fotografias relativas à Guerra Colonial e objetos africanos como máscaras e outras esculturas em madeira, capulanas, cestaria, material militar usado na guerra (secretária do mato, utensílios para o banho no mato, farda e equipamento usado em África, jornais de caserna)… que a generosidade de algumas pessoas e do RI 13 permitiu englobar na Exposição. O grupo disciplinar de História agradece a boa vontade do aluno Luís Reboredo do 9.º C e da sua mãe, assim como da professora Ana Alencoão e do RI 13, que disponibilizaram muitos objetos e materiais.
A segunda atividade, a Palestra - Testemunhos na Primeira Pessoa, teve como intervenientes: Dr. Ângelo Sequeira, Prof. Ribeiro Aires e Prof. Carlos Almeida, que cumpriram serviço militar em Moçambique, Guiné-Bissau  e Angola, respetivamente, decorreu na segunda-feira - 23 de abril. Estiveram presentes alunos do 9.º ano, 11.º F e 12.º E. Aprendeu-se muito e o entusiasmo dos oradores e as suas histórias e estórias de Guerra prenderam a atenção de todos.
Não podemos reproduzir todas as palavras ditas, mas ficaram na memória: as condições das viagens de barco que, para Moçambique, era um mês no mar, não iam pelo Canal do Suez, contornavam o Cabo da Boa Esperança; as difíceis condições em que se sobrevivia no mato, por vezes, retratado com humor, como aquele militar responsável por um pequeno pelotão que estava esquecido no meio do nada. Quando, finalmente, foram resgatados, eram um grupo de barbudos com a farda em fiapos. Perguntam-lhe: Desde quando é que estão aqui? Resposta pronta: Quando o Vasco da Gama passou para cima, nós viemos para baixo!;  Saber da alimentação monótona e tristonha proporcionou espanto e alguns sorrisos. Alturas havia em que a água parecia chocolate, não pelo sabor/odor, mas pela cor. Comia-se, sempre, arroz, salsichas e fiambre, por vezes já com um cheiro nauseabundo. Os oficiais, segundo o testemunho do Dr. Sequeira, eram mais bem alimentados. Em todas as refeições, um soldado fardado de modo irrepreensível, apresentava a lista que continha verdadeiras iguarias da haute cuisine como Pescada à Meuniére,… durante uns momentos  debatia-se, hesitava-se na escolha… por fim, decidiam-se pela sugestão do Chefe - arroz, feijão frade e atum! Não havia outra coisa!
No final homenagearam-se os que combateram na insensata guerra que custou a vida a cerca de 9 mil soldados e feriu 100 mil. A Bárbara Taveira e a Laura Félix, do 9.º B, declamaram O Menino de Sua Mãe de Fernando Pessoa e alunos do 9.º B e do 9.º C cantaram Aquele Inverno dos Delfins que termina assim… lembrar o que alguém que voltou veio contar… recordar… recordar…
Foi o que fizemos!


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