O SARS-CoV-2 na minha vida... Professora e Mãe

Margarida Santana - 8.º C

Esta experiência de E@D tem sido desafiante, complicada e exigente, desde logo porque tivemos de nos adaptar a uma nova realidade, em poucos dias, literalmente, num fim de semana. As aulas na Escola terminaram no dia treze de março e, na segunda-feira seguinte, já estávamos a ter aulas a distância, a descobrir como funcionavam as plataformas Zoom, Meet, entre outras ferramentas. E, em vez de uma sala, com quadro e carteiras cheias de alunos, passámos a ter um ecrã plano à nossa frente.

Sem dúvida que a relação professor/aluno mudou também bastante. Nada de contacto, só o ecrã dividido em quadradinhos e muitos deles escuros e apagados. Vários alunos não ligavam (e continuam a não ligar) a câmara. Mais frias, mais distantes e mais impessoais se tornaram as aulas.

Como professora, penso que é fundamental o contacto, ver, ouvir os alunos, olhar para as suas expressões, ler nelas as dúvidas ou o esclarecimento, descobrir o que desperta a atenção e a curiosidade. Ora, fazer isto através do computador é quase impossível.

Para além disso, tivemos de pensar numa outra abordagem do tempo. Temos poucos minutos disponíveis para cada aula síncrona e muitas dúvidas quanto à melhor maneira de os rentabilizar e de como nos cingir ao essencial.

Sentimos muitas dúvidas, muitas incertezas e também insegurança, pois não devemos esquecer o facto de termos tido aulas invadidas por um intruso que queria ter mais “likes” nas suas redes e que, para isso, estava disposto a não só perturbar as aulas, impedindo que estas decorressem com a normalidade possível, mas também focado em humilhar e expor ao ridículo os professores. E isto foi feito com a conivência (e a cobardia) de alguns alunos.

Além disso, colocaram-se também muitas dúvidas relativamente ao modo como seria feita avaliação dos alunos. Seria possível pensar em fazer testes? E fichas? E a avaliação oral? E a participação? E os trabalhos? Será que estes instrumentos nos dariam elementos fiáveis e rigorosos para avaliarmos os nossos alunos?

Por último, saliento o acréscimo monumental de trabalho. Para além da preparação das aulas, passámos a viver em frente ao computador: são as tarefas que pedimos aos alunos, é a correção das mesmas, são as dezenas e dezenas de e-mails enviados aos colegas, aos alunos, à Direção da Escola e, no caso de se ser Diretora de Turma, como eu sou, para além destes e-mails há ainda os que enviamos aos pais e aos colegas do Conselhos de Turma.

Em suma, não há dúvida que os Professores estão a lidar com esta nova realidade com profissionalismo e a fazer o seu melhor, e, apesar de todos os constrangimentos e aspetos negativos inerentes, verificam, no entanto, alguns aspetos positivos: para além de podermos lecionar de pantufas e de estarmos com a nossa família, o Ensino a Distância permitiu-nos abstrair desta crise e de não nos lembramos tanto do vírus e dos seus efeitos nefastos, pois estamos “mergulhados” no trabalho.

Fátima Campos | Professora de Português

 




O Broas

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