Outra Vez a Crise...

A crise é vista pela maioria das pessoas como um monstro que vai retirar-nos conforto, dar-nos muitas dores de cabeça e ameaçar o nosso “mundo”. É como a Hidra de sete cabeças da mitologia grega, difícil de vencer, por cada cabeça cortada nasciam duas. Um dos medos mais terríveis é o desemprego. Ele vai desencadear uma espiral de catástrofes pessoais, familiares e sociais. Ou talvez não… Para pessoas criativas, perder um emprego monótono, daquele tipo em que só se usa o cérebro duas ou três vezes por dia, o desemprego pode ser o motor de arranque para concretizarem ideias e sonhos que as habitam.
Exemplos não faltam por aí. Um dos casos mais extraordinários é o de José Miguel Amorim. Estando desempregado montou um negócio lucrativo e em expansão de venda de almofadas com caroços de cereja. Teve a ideia ao ver os filhos brincar com uma almofada desse tipo, feita pela mãe. Os caroços de cereja são limpos no estabelecimento prisional de Sintra. As almofadas são confecionadas pelas mulheres que estão presas em Tires. Já vende almofadas para muitas partes do Mundo.
Há uma ideia que tenho que podia gerar um bom negócio: criar micro-aquecedores portáteis para serem colocados na roupa e no calçado de inverno. Prosseguindo nessa ideia alguém podia inventar produtos de higiene aquecidos. O champô frio na cabeça causa arrepios. Ideias loucas, umas viáveis outras não, andam por aí. É preciso aproveitá-las.
Consta que os portugueses são grandes inventores: via verde; máquina de segar a couve para o caldo verde...
José João Guimarães - 8.º G

Troika, ou Talvez Não...

Poul Thomsen - Jürgen KrögerRasmus Rüffer são os tecnocratas que primeiro compuseram a Troika que está a decidir o nosso futuro económico-financeiro. Entretanto, Poul Thomsen foi substituído por Abele Selassie. São eles os “senhores” do dinheiro. 
Poul Thomsen
Poul Thomsen representa o FMI. É dinamarquês e formado em Economia pela Universidade de Copenhaga. Trabalha no   FMI desde 1982. Liderou as negociações do FMI com a Grécia e a Islândia. É considerado um negociador difícil. É especialista em economia dos países ex-socialistas do Centro e Leste da Europa. Foi o líder da Troika. É chamado Mr. Blue Eyes.
Jürgen Kröger
Jürgen Kröger representa a Comissão Europeia. É alemão, licenciado em Economia na Universidade de Hamburgo, dirige, na atualidade, um gabinete de estudos económicos na UE. Na década de 80 teve uma breve passagem pelo Departamento Europeu do FMI, onde se destacou pela participação no modelo macro-econométrico da Alemanha. Interveio na estratégia de política monetária do BCE. Integrou a equipa que negociou o resgate da Grécia.
Rasmus Rüffer
Rasmus Rüffer representa o Banco Central Europeu onde trabalha há 10 anos. É alemão, formado em Economia pela Universidade de Indiana - EUAÉ o líder da equipa do BCE em Lisboa.   É conselheiro na Divisão de Países da UE do BCE. A sua especialização inclui a supervisão de países da Zona Euro e de fora da Zona Euro nos desequilíbrios macroeconómicos.

Abebe Aemro Selassie
Abebe Aemro Selassie substituiu, a partir de finais de fevereiro, Poul Thomsen que se vai dedicar, em exclusivo, à questão grega. Será este etíope, formado em Economia em Londres, a liderar a Troika. No FMI é diretor adjunto do Departamento Africano. Será que é descendente do imperador Hailé Selassie, o Leão de Judá, deposto por Mussolini quando invadiu a Etiópia?

Massimo Suardi
Massimo Suardi, italiano, é o grande apoio de Jürgen Kröger, já que é chefe-adjunto da delegação técnica da Comissão Europeia e diretor do Departamento de Assuntos Monetários e Cambiais. O seu nome tem inspirado humoristas. Parece que está a “gozar” connosco e com os esforços que vamos ter que fazer, que nos vão obrigar a “suar o máximo”. 
Alunos do 9.º B

TroiKa - o que é?

A palavra Troika passou a fazer parte da nossa vida. Somos bombardeados com ela nos noticiários televisivos, nos debates de economia e política. Ela anda por aí e todos a encontramos, com mais frequência do que gostaríamos. Fomos conhecer a “fera”.
Troika ou troica (em russo: тройка) é a palavra russa que designa um comité de três membros. A origem do termo vem de troika que em russo significa um carro conduzido por três cavalos alinhados lado a lado, ou um trenó puxado por cavalos.
A palavra foi adotada pela política para designar a aliança, ou governo, formados por três pessoas que assumem o poder de um país, ou império, em conjunto. O primeiro exemplo histórico são os triunviratos da Roma Antiga: o primeiro formado por Júlio César, Pompeu e Marco Licínio Crasso - 59 a.C. - 53 a.C. e o segundo composto por Marco António, Otaviano e Lépido - 43 a.C. - 33 a.C.. Não tiveram grande êxito! Acabaram muito, muito zangados uns com os outros.
A palavra também era usada para designar os três chefes supremos dos estados comunistas - chefe de estado - chefe de governo - líder do partido. Este termo tem sido historicamente reservado para denominar diferentes alianças políticas dos líderes na URSS. Outros países, em vários continentes, constituíram governos assentes na figura do triunvirato.
O termo troika também é usado na União Europeia quando se refere a um grupo formado pelo Ministro das Relações Exteriores do Estado-Membro que ocupa a presidência do Conselho de Ministros da UE naquele momento, o Secretário-geral para a Política Comum de Segurança e Exterior e pelo Comissário Europeu das Relações Externas e da Política com os vizinhos europeus.

Texto - alunos do 9.º B
  Ilustração - Bárbara Taveira - 9.º B

Igreja Católica e Serviço Social...

A Doutrina Social da Igreja (DSI) assenta nestes princípios básicos: o primado absoluto da defesa da pessoa humana, de cada pessoa e dos seus direitos e deveres fundamentais; o destino universal dos bens da terra; o primado da pessoa sobre o trabalho e deste sobre o capital. Oferece um quadro de orientações, entre as quais figura, como afirmou o Concílio Vaticano II, a preocupação da Igreja pelas alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem (Gaudium et Spes, 1).
Estes princípios inspiram a Igreja, em todos os lugares e países, a propor iniciativas que respondam ao direito humano à alimentação. Destaca-se aqui a ação da Cáritas, a nível nacional, regional e diocesano.
A paróquia da Sé em Vila Real é um desses exemplos, que conta com um grupo e um projeto concreto de apoio aos mais necessitados.
Esta iniciativa foi criando nos jovens vontade e disponibilidade para a dedicação aos outros. Primeiro, através de pequenos gestos de recolha de bens essenciais e partilha por aquelas famílias, alargando a ajuda da paróquia a um maior número de pessoas que aí recorriam ou de que a paróquia tinha conhecimento. Eram angariados e distribuídos bens de primeira necessidade. Depois, através de um grupo paroquial, tomou a forma atual de solidariedade, apoio, orientação e encaminhamento das famílias necessitadas.
Este projeto pretende ser a resposta da paróquia a situações de pobreza existente, concretizada  na ajuda alimentar, mas também em roupa, calçado e brinquedos para as crianças. Acima de tudo, estar sempre disponível para dar uma palavra amiga e de conforto. Muitas famílias, para além de terem carências alimentares, sofrem muito de falta de atenção. Atende ainda a uma nova pobreza, entre pessoas de idade ativa, uma pobreza escondida e envergonhada. São apoiadas, todos os meses, 53 famílias, fornecendo-lhes alimentos de primeira necessidade, através da entrega de cabazes.
Pontualmente, como acontece no Natal, é feita a visita a todas as famílias apoiadas  pela paróquia. No passado Natal, para além ser entregue o cabaz de Natal, o grupo paroquial, apoiado pelos Escuteiros da Fraternidade, distribuíram cabazes nos dias 23 e 24 de Dezembro com bolo rei, frutos secos, e brinquedos para os mais pequenos.
O projeto pretende também dar resposta,  desde o ano passado, a outro tipo de problemas. Desenvolve-se um projecto denominado O Ser Humano a três Dimensões. Este conceito abrange três áreas especificas: as carências alimentares, as carências emocionais e as carências de informação, ou seja, a falta de informação, face aos meios existentes, para a resolução de questões legais, associadas a pedido de apoios.
 O apoio a famílias carenciadas passa também pela disponibilidade para ouvir aconselhar e/ou encaminhar para outros lugares e instituições. É feito o acompanhamento de algumas famílias em casa, há voluntários que fazem a entrega dos cabazes mensais na casa das pessoas, onde já se mantém uma relação de proximidade e confiança.
A solidariedade é, hoje, mais urgente do que nunca. Todos somos por ela responsáveis e a Igreja não fica indiferente e inativa perante a realidade económico-social atual, pois, reconhece nos pobres o rosto de Jesus (Bento  XVI).

Reinventar a Vida e a Felicidade...


 Ser Feliz a Custo Zero (ou quase)

- Memorizar um poema ou canção e recitá-lo/cantá-la para a família e amigos.
- Manuscrever um poema, ilustrá-lo e afixá-lo no nosso quarto ou oferecê-lo.
- Passar uma tarde de chuva e frio, aconchegado numa manta, a ler um grande livro.
- Passar uma tarde de chuva e frio, aconchegado numa manta, a ver um bom filme.
- Sentar num banco de jardim e sentir a carícia do sol na nossa pele.
- Oferecer sorrisos aos que fazem parte da nossa vida e aos outros também.
- Ouvir, com atenção e carinho, as estórias que alguém nos quer contar.
- Tomar banho com um sabonete novo que tem o nosso aroma preferido.
- Estudar muito para um teste e tirar uma grande nota.
- Receber/dar elogios, uma palavra amiga, um abraço sentido.
- Dormir numa cama com lençóis lavados e perfumados com alfazema.
- Almoçar/jantar o nosso prato predileto.
- Passar uma tarde a brincar com a criancinha lá de casa ou da vizinha.
- Cantar e dançar como se não houvesse amanhã.
- Valorizar o que temos e não chorar pelo que não temos.
                                                                                                                           Alunos do 8.º F

Crise - Interessantes Formas de Poupar...

Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas,
Lições de Filosofia.

                 António Aleixo - poeta popular


Todas as nossas vivências podem servir para aprendermos a viver melhor e com mais sabedoria. A crise que atravessamos levou-nos a pesquisar formas de poupar que as gerações anteriores, com menos abundância de bens materiais, utilizaram para um quotidiano mais confortável e para fazerem um pé-de-meia

Não é preciso exagerar, como aquela mãe de família que lavava a roupa sempre no ribeiro e em cuja casa se tomavam as refeições da seguinte maneira - primeiro almoçava/jantava o pai, depois, no mesmo prato e com os mesmos talheres, era a vez da mãe, seguiam-se os quatro filhos, por ordem de idades, do mais velho para o mais novo. Do ponto de vista da higiene é muito questionável, mas que permitia grande poupança de água e detergente, ninguém duvida. Coitado do filho mais novo!
Deixamos algumas sugestões razoáveis e interessantes para economizar e esticar o ordenado que está cada vez mais magro. Macérrimo!


Na Alimentação
- Não faça uma panela de sopa, faça um panelão. Terá sopa para vários dias. Poupa tempo, gás e eletricidade.
- Corte os ingredientes da sopa em cubinhos pequenos, cozem mais depressa e pode servir a sopa sem a passar pela varinha mágica. Poupa gás e eletricidade.
- Recupere a chaleira que as nossas avós/mães usavam para tapar a panela da sopa e que permite aquecer água para cozinhar ou lavar loiça. Poupa água, gás e eletricidade.
- Prefira receitas de estufados, ensopados… os ingredientes cozem na mesma panela e ao mesmo tempo. Poupa tempo, gás e eletricidade.
- Prefira receitas com peixe ou carnes brancas. São mais baratas, saudáveis e cozem mais depressa. Poupa a saúde, gás e eletricidade.
- Não faça sobremesas, coma fruta. Poupa a saúde, tempo, gás e eletricidade.


Na Educação
- As folhas de papel têm duas páginas, utilize as duas. Poupa árvores e o ambiente.
- Imprima apenas os títulos a negrito, não use um tamanho de letra muito grande, prefira a impressão a preto e branco. Poupa tinta, árvores e o ambiente.
- Se o professor concordar, apresente relatórios/trabalhos de pesquisa em suporte informático. Poupa tinta, árvores e o ambiente.
                                                                                                                                                                                                                                                             Alunos do 9.º B





Sobreviver à Crise...

O repórter José Rafael Matias do 7.º A percorreu a Escola, colocando a seguinte questão a vários elementos desta comunidade:

Que alterações fez no seu dia-a-dia, agora que estamos em crise?

Eis as respostas!

Evito fazer gastos supérfluos e penso em começar a vir para a Escola a pé. Deixei também de ir tantas vezes comer fora, ao restaurante.
Paula Matias - professora de Matemática

Agora, antes de comprar qualquer coisa, penso duas vezes se realmente necessito dela. Em casa, vou acendendo a lareira para não ter que usar os aquecedores, mas ainda não fiz grandes mudanças. Vou-me adaptando.
Lídia Branco - professora de EMRC

 Infelizmente, não vou poder receber uma mesada de valor tão elevado e não vou receber tantas prendas, nem no Natal, nem nos anos.
 José Nuno Duro - aluno do 7.º A

Nas férias, não vou para hotéis, mas sim para casa da minha tia.
Diana Cardoso- aluna do 7.º A

Optei por marcas brancas, as quais são mais acessíveis. Optei por legumes secos (ex: feijão, grão de bico…). Só compro o essencial. Compro vestuário e calçado nas épocas de saldo. Optei pela lareira em vez de aquecimento central. Faço caminhadas para aquecer e evitar o gasto excessivo de combustível.
 Emília Mendes - assistente operacional

Ideias Interessantes para Resolver a Crise...

Pedimos aos alunos do 11.º G que apresentassem propostas interessantes e criativas para resolver a crise. Surgiu de tudo, ideias curiosas, bizarras, disparatadas, inteligentes, radicais, progressistas… Selecionámos as que nos pareceram mais exequíveis, divertidas e … provocadoras. Dão para pensar e sorrir!

Proposta n.º 1 para Combater a Crise

Um dos temas que estudámos em História A foi o Mercantilismo. Esta política económica vigorou na Europa nos séculos XVII e XVIII e surgiu como reação a crises económicas e financeiras que alguns países atravessavam. Tão atual!
Uma das medidas curiosas do Mercantilismo Português foram as leis Pragmáticas de D. Pedro II e, mais tarde, de D. José I. O que eram Pragmáticas, perguntam vocês? Simples, eram leis contra o luxo, proibiam determinadas toilettes que ficavam muito caras ao país devido à importação de tecidos e atavios. É certo que já não temos reis, mas podíamos ter Pragmáticas. Os senhores políticos podiam legislar obrigando toda a gente a usar minissaia ou calções. Vendo bem, poupavam-se muitos quilómetros de tecido, a maioria deles importados.
O “calcanhar de Aquiles” desta medida é impor a todos um tipo de moda de que alguns não gostam e que no inverno não é muito conveniente. É verdade, mas Portugal precisa de sacrifícios e este nem é muito grande. Vale a pena pensar nisto! Ou talvez não!
Alunos do 11.º G

PS - A Beatriz Matos do 9.º B imaginou os professores cumprindo a lei.
Proposta n.º 2 para Combater a Crise

         Duas casas, sejam elas vivendas ou apartamentos, são sempre mais caras que uma só. Serve esta introdução para fundamentar a nossa medida - promover o casamento, a união de facto e outras formas de partilha da mesma habitação.
  Esta proposta, para lá da grande poupança em prestações ao banco ou rendas ao senhorio, permite diminuir os gastos com eletricidade, água, gás, eletrodomésticos, mobiliário, alimentação.   Outra vantagem seria o combate à solidão, uma das grandes “doenças” do nosso tempo.
  Esta ideia, segundo estudos recentes, está já a ser posta em prática, o que se pode comprovar pelo facto de o número de divórcios ter sofrido uma quebra no nosso país. É bom, as pessoas estão a dar mais uma oportunidade à vida a dois, não partem para o divórcio por “dá cá aquela palha”, mas falta a outra parte, o aumento dos casamentos. Nós todos já decidimos que a partir dos vinte anos vamos considerar essa hipótese para as nossas vidas. Mais não prometemos!
Alunos do 11.º G

PS - A Juliana Nóbrega do 9.º B ilustrou esta proposta. Que alguém aproveite!


Refletir a crise...

 Maria Filomena Costa Barros e Araújo
62 anos - natural de Vila Chã do Marão - Amarante
Estudou em Marco de Canavezes - Amarante - Porto
Professora há mais de 37 anos, a maioria dos quais a lecionar nesta Escola.

Lembra-se das duas primeiras intervenções do FMI em Portugal?
Lembro-me muito bem. Em 1978 tinha 30 anos e em 1983 tinha 35 anos, tenho obrigação de me lembrar, como é óbvio.

Comparando essas duas crises com a atual, qual é a sua opinião?
Esta é, de longe, a mais grave. As outras doeram, também houve aumento dos impostos, redução ou congelamento dos salários, despedimentos, mas foram de menor dimensão. Não houve corte dos subsídios de Natal e de Férias, mas o subsídio de Natal foi pago em certificados de Aforro que só podiam ser resgatados ao fim de dois anos. Outra imposição prevista, mas não concretizada, para poupar gasolina era: os carros com número de matrícula par só podiam circular determinados dias da semana e, nos outros dias, circulavam os automóveis com matrícula ímpar.

Quais as formas de poupar que as pessoas tinham?
  Antes da Revolução do 25 de Abril as pessoas poupavam. Por exemplo, para fazer render o azeite, as pessoas com menos posses colocavam as batatas cozidas num prato grande e todos comiam dele. Depois do 25 de Abril,  todos deixaram de poupar. Há gerações que não sabem o valor do dinheiro, devido à facilidade de recorrer ao crédito. Considero um absurdo tremendo pedir um empréstimo para ir fazer férias.
  Impressiona-me o esbanjamento, sobretudo de comida. Há pessoas, na minha aldeia, que criam animais e deitam pão fora. É lamentável. Não se manda reparar nada, não funciona, deita-se fora e compra-se novo.
  Noto, no entanto, que nos últimos tempos, as pessoas estão mais comedidas nos gastos e no desperdício. Muitos dos campos abandonados voltaram a ser cultivados. É o regresso à terra, às origens.

Tem o hábito de poupar?
  Sou poupada, mas não exagero. Gosto de viajar. É um prazer do qual não prescindo. Há, convém esclarecer, alguns mitos sobre poupança. Por exemplo, as luzes fluorescentes poupam mais se ficarem ligadas durante o intervalo das aulas. É no arranque que é consumida mais energia. Tenho dito!

A Crise e As Crises...

Crises em Portugal, no pós-25 de Abril de 1974, com intervenção do FMI (Fundo Monetário Internacional) são já três. A primeira ocorreu em 1977/78, durante o II Governo Constitucional (coligação entre o PS e o CDS), sendo primeiro-ministro Mário Soares e ministro das Finanças, Victor Constâncio. Foi-nos concedido um empréstimo de 111 milhões de euros.
A segunda intervenção concretizou-se em 1983, durante o IX Governo Constitucional (coligação entre o PS e o PSD - Bloco Central), sendo primeiro-ministro Mário Soares e ministro das Finanças, Ernâni Lopes. Foi-nos concedido um empréstimo de 555 milhões de euros. O Broas procurou professores e funcionários com lembranças e vivências desses momentos críticos da nossa História. O critério escolhido foi o da idade. Entrevistámos os que mais viveram, os mais sábios, neste caso sábias, duas mulheres.
   Maria da Conceição Ferreira de Almeida
64 anos - natural de Vila Real
Estudou nesta Escola (Escola S/3 S. Pedro - Vila Real) e é funcionária da secretaria há 4 anos
Trabalhou, mais de 20 anos, em residências de estudantes em várias localidades (Chaves - Alijó - Odemira - Vila Real)

Lembra-se das duas primeiras intervenções do FMI em Portugal?
Lembro-me bem, nesses tempos ainda não estava empregada, vivia com os meus pais. Nos meios de comunicação falava-se nos problemas, mas menos que hoje.

Comparando essas duas crises com a atual, qual é a sua opinião?
Tenho a certeza que esta é muito pior. Nas outras também houve cortes, mas as medidas atuais são mais duras. Há uma tensão psicológica muito grande, estão sempre a dizer/ameaçar que vão despedir funcionários públicos, o que traz grande incerteza e angústia.
A idade que já tenho também não ajuda a encarar as coisas com mais ânimo. Vivemos tempos de medo e de insegurança. Não podemos olhar para o futuro com otimismo.

Quais as formas de poupar que as pessoas tinham?
Os rendimentos eram muito baixos, era difícil poupar dinheiro. Em minha casa, nunca faltou comida, o meu pai era da polícia e nós íamos à cantina da PSP buscar alimentação. Havia pessoas que passavam muito mal. Na minha rua, muitos homens trabalhavam na construção civil. No inverno, o trabalho escasseava e as famílias tinham dificuldades.
O nível de vida “impunha” a poupança. Os eletrodomésticos eram poucos e só acessíveis a alguns. Muitas casas, mesmo na minha rua, nem sequer tinham eletricidade. Os telemóveis não existiam. Eram tempos difíceis. As pessoas tinham pouca roupa, pouco de tudo.

Tem o hábito de poupar?
Sim, não sou desgovernada. Não faço compras sem precisar e levo uma vida muito caseira. Como a minha irmã está viúva e vive na casa ao lado da minha, fazemos as refeições juntas, o que permite poupar muito na alimentação, água, gás, eletricidade.
Só vou dormir a minha casa.

A Quimera da Abundância ...

O Broas decidiu que seria pertinente pedir à comunidade escolar que refletisse sobre o tema que invadiu as nossas vidas – a Crise. Somos bombardeados, constantemente, com ela. Proliferam os programas de televisão, rádio, artigos de jornais e revistas que anunciam até à saciedade que 2012 é um ano terrível, um “bicho papão” sem igual. De um modo ou de outro, todos sentimos as suas “garras”. Vamos encarar de frente os problemas e analisar as suas possibilidades e oportunidades.

Pediu-se a alunos, a professores e a funcionários, testemunhos e representações, por imagens e/ou palavras, da sua visão da Crise. Os trabalhos que vão ser publicados são as respostas a este pedido, umas mais otimistas outras mais realistas/pessimistas.

Bárbara Taveira - 9.º B


Vale a pena ver e ler o que vai ser publicado!


                                                                     A Coordenação

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