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O Broas 2018



O Broas  2018, ano da sua maioridade, (pois é, o jornal é oficialmente adulto!) está disponível para todos.

O jornal, sempre, atento aos ventos que sopram, aos temas atuais, escolheu, este ano, como tema aglutinador a "Igualdade de Direitos".
Neste mundo, cada vez mais difícil de "ler", é necessário informar, debater e refletir para que se construa um Mundo melhor, em que todos sejam respeitados e usufruam dos mesmos direitos.

Este jornal quer contribuir para  “abrir” mentalidades e um Mundo mais justo!

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Refresca e enriquece o teu verão com a leitura d’ O Broas!

O Broas 2017...

O jornal O Broas, do ano letivo de 2016/2017,  trabalhou o tema Há Mar e Mar, há ir e voltar, frase criada pelo poeta Alexandre O’Neill para uma campanha de combate aos afogamentos na época balnear. Este tema, para além da pertinência e atualidade, insere-se no projeto Projeto Ler + Mar, dinamizado pela Biblioteca Escolar.

Foi o Mar que inspirou todos os que emprestaram o seu talento para encher as páginas do jornal da nossa Escola de beleza e poesia, mas também de reflexão sobre a ação humana no seu contacto com mares e oceanos. Essa ação não tem sido muito positiva! É preciso invertê-la, mudar comportamentos: salvar o Mar, origem de vida e de recursos extraordinários. Até a Menina a Ler sonhou com o Mar e conseguiu, coisa prodigiosa e mágica, ir visitá-lo. Como Ela, mergulha na leitura do teu jornal e deixa-te levar pelo Mar bonançoso de ideias, palavras e imagens. 

Mergulha e Maravilha-te!


O Broas

Cosmicomix - A descoberta do Big Bang


A Ciência é um processo de descoberta do mundo baseada na observação e na experimentação. As experiências até poderão ser mentais, mas, sem provas de índole experimental, não há validade científica.
Sem confirmação experimental, a teoria do Big Bang, a teoria que melhor explica a origem do Universo, não seria aceite. Neste livro, em banda desenhada, descreve-se um pouco a história de algumas descobertas, decisivas para a aceitação desta teoria, nomeadamente a descoberta da radiação de fundo de micro-ondas, resíduo da explosão que deu origem ao Universo. São igualmente apresentados, de forma simples, alguns conceitos de relatividade que podem ajudar à compreensão do assunto.
Na sequência da descoberta (recente) de que as ondas gravitacionais existem mesmo e de que Einstein (mais uma vez) tinha mesmo razão, eis um livro acessível e de leitura fácil, essencial para a compreensão do Big Bang e da importância da experimentação na aventura que é a Ciência.

“Cosmicomix- A descoberta do Big Bang”, por Amedeo Balbi e Rossano Piccioni, Gradiva.
Manuel Salgueiro | Professor de Físico-Química


A Metamorfose - Franz Kafka


A Metamorfose é a maior obra de Kafka, nascido a 3 de julho de 1883, em Praga, atual República Checa, e que morreu a 3 de junho de 1924, em Viena, aos 40 anos.
A história retrata a súbita metamorfose de um jovem rapaz chamado Gregor Samsa num inseto monstruoso. Até então, o protagonista era um rapaz trabalhador que  sustentava a família, exercendo uma profissão aborrecida, que não lhe fornecia realização profissional ou pessoal. A família tratava-o com afeto, todavia, com o passar do tempo, os pais passaram a acreditar que era obrigação dele sustentá-los.
Quando transformado em inseto, Gregor Samsa continua a preocupar-se com os outros, nunca consigo mesmo; como já não produz, é rejeitado cruelmente pela família, que representa a sociedade. Percebemos que esta metamorfose é uma metáfora da inadaptação das pessoas à sociedade e uma crítica profunda à mesma.
O drama da personagem principal assemelha-se ao de um trabalhador comum, que exerce um emprego do qual não gosta. No entanto, quando se dá a transfiguração,   são revelados os interesses mesquinhos e a falsidade do afeto dos que o rodeiam.  A  transformação pode também ser interpretada como uma forma de cada um de nós deixar de estar camuflado numa personagem aceite e idealizada pela sociedade, revelando-nos tal e qual como somos. A utilização das personagens da família não é inocente, pois a vida de Kafka foi marcada pela relação difícil com o pai e por complicados relacionamentos afetivos.
A ação desenvolve-se num mundo de pesadelo, em que predomina a solidão do indivíduo, indefeso diante do poder, como observamos ao longo da história quando o protagonista é feito prisioneiro no seu próprio quarto, sem qualquer interação com o exterior. A sua maior preocupação é a subsistência da família. Apesar de ir ficando cada vez mais debilitado, nunca deixa de ter em conta os sentimentos dos outros, enquanto estes, se afastam e o veem como uma aberração, um fardo que é preciso esconder e, de preferência, eliminar. O monstro não perde a humanidade,  mas os humanos sim. As cenas que são descritas pelo autor, apesar de absurdas, representam o modo como a sociedade vê e trata os que mais "incomodam”.
O clima de agonia e pessimismo mantido por Kafka é um espelho do cenário mundial da época em que a obra foi escrita. É uma obra inteligente e cruel, redigida em 1912, que permanece atual porque explora temas da sociedade contemporânea: a desesperança do ser; a solidão; a excessiva importância das aparências; a impotência da minoria perante a sociedade; a ausência de coragem de cada um para se revelar ele mesmo; a frieza e a falta de escrúpulos perante a fragilidade dos outros.

Precisamos de livros que nos afetem como um desastre, que nos angustiem profundamente, como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos, como ser banido para florestas distantes de todos, como um suicídio. Um livro tem de ser o machado para o mar congelado dentro de nós. - Franz Kafka                                                        
Joana Fraga | 10.º A


A Vida de Pi - Yann Martel

Teresa Bastos | 8.º E

A Vida de Pi é um livro de aventuras e drama que narra a história do jovem Pi, cujo nome completo é Piscine Patel. Este, aos 16 anos, parte de Pondicherry, na Índia, com a família e os animais do Zoo familiar, para o Canadá. O navio Tsimtsum, que os transporta, naufraga nos primeiros dias de viagem. Pi vê-se forçado a partilhar um salva-vidas com uma hiena, um orangotango, uma zebra ferida e um tigre, andam à deriva na imensidão do oceano Pacífico. O espaço é exíguo e o grupo acaba por se reduzir a Pi e a Richard Parker, o seu tigre de Bengala. A viagem dura sete meses, plenos de aventuras e dificuldades, estando sempre iminente um fim trágico.
Pi acaba por ser salvo e conta a sua história aos representantes da empresa japonesa, dona do navio. Como estes mostram desconfiança e incredulidade, Pi conta uma nova versão: para cada animal da primeira história há um ser humano que lhe ocupa o lugar e também o destino. 
Pi deve a sobrevivência à sua inteligência e conhecimento, lia muito e gostava de aprender, à sua fé, era crente em três religiões: Hinduísmo, Cristianismo e Islamismo e ao seu poder de fantasiar o mundo e a realidade.
O real e o fantástico cruzam-se nas páginas deste livro, o que o torna mais apelativo e interessante. A sua leitura absorve-nos da primeira à última página.
A Vida de Pi foi publicado em 2001 e recebeu o prémio Man Booker. Esteve envolto numa polémica, porque o escritor brasileiro Moacyr Scliar acusou o autor  de plágio. Yann Martel reconheceu que se tinha inspirado na obra Max e os Felinos, deste escritor e agradeceu-lhe no prefácio de novas edições. Foi adaptada ao cinema pelo realizador Ang Lee, em 2012 e recebeu quatro óscares.
Curiosidade: Foi lançado um novo livro de Yann Martel no nosso país. Sabem como se intitula? As Altas Montanhas de Portugal. Curioso!
Teresa Bastos | 8.º E


Mulherzinhas - Louisa May Alcott

Teresa Bastos | 8.º E

Este livro prendeu a minha atenção por tudo aquilo que me ensinou e pelo facto de eu, também, ainda ser uma “mulherzinha”. As quatro irmãs, principais protagonistas da história, viveram numa época em que as mulheres apenas aprendiam o básico, tinham que saber fazer a lida da casa, cozinhar, costurar, pintar, entre outros afazeres considerados femininos. Como estavam em tempo de guerra, muitas eram enfermeiras, tomavam conta de crianças, as chamadas “precetoras”, ou trabalhavam em casa de pessoas mais ricas. O casamento era algo muito importante pois o homem era o único a poder ter algum relevo na sociedade  e as mulheres dependiam deles. As quatro irmãs: Meg, Jo, Beth e Amy enfrentam as dificuldades do dia a dia, num período difícil dos EUA devido aos efeitos da Guerra da Secessão.
Jo, a segunda filha , tem 15 anos e é a narradora da história. Trabalha para a sua tia March, senhora idosa com feitio difícil, mas que possui uma biblioteca, o que permite a Jo, nos tempos livres, dedicar-se à leitura, atividade de que ela muito gosta. Jo é irreverente e defensora dos direitos das mulheres. É o motor que faz andar esta família. É muito decidida e enfrenta todos os problemas sem vacilar.
As quatro irmãs e o vizinho Laurie formam o clube Pickwick, onde fazem representações, leituras e até um jornal. Jo gosta de ler e escrever e publica, no jornal local, duas histórias da sua autoria.
Devido à doença do pai e à necessidade de arranjar dinheiro para a mãe ir ter com ele, Jo toma uma decisão muito radical para aquela época: vai cortar o cabelo para o vender. A ausência da mãe, que foi cuidar do pai que está noutra terra, aumenta as responsabilidades das quatro irmãs.
É claro que a minha personagem preferida é a Jo! Era uma rapariga diferente das outras irmãs, tinha uma mentalidade muito avançada para a época em que viveu. Jo lutava para ter os mesmos direitos que os rapazes.
As mulheres, no século XIX, não tinham os mesmos direitos que os homens. Este livro fez-me perceber que vivo numa época melhor! Sinto-me grata por isso!

Rita Encarnação | 8.º E



Da Minha Língua Vê-se… Da Minha Língua Ouve-se...


A Língua Portuguesa é como um livro cheio de histórias sem fim, onde se vê o contributo de todos os que fizeram dela uma Língua cada vez mais rica e viva.
Na Língua Lusa foram registados os grandes feitos do nosso passado e presente: feitos que mostram um povo corajoso que descobriu o mundo por desvendar.
Nela estão os grandes escritores e poetas que, com as suas obras, embelezaram a Língua de Camões. Sim, Os Lusíadas são a obra-prima mais extraordinária desta Língua que falamos. É justo designá-la por Língua de Camões.
Nós e a nossa Língua somos a prova de que o impossível afinal é possível e que com esforço e dedicação conseguimos realizar os sonhos.
Da nossa Língua ouvem-se histórias que encantam qualquer um. Com ela fomos descobrindo mundos diferentes. Apresentamos e ensinamos aos outros, em África, na Ásia, na América, … a Língua que nos une e unirá pelos séculos fora.
Todos nós somos História e fazemos parte do grande livro aberto que é Portugal!

Dados e factos curiosos:
Para realizar este trabalho fiz pesquisas com as quais aprendi dados e factos interessantes e engraçados, que vale a pena partilhar:
- O Português atual possui no seu vocabulário termos provenientes de diferentes línguas como o alemão, o mandarim, o espanhol, o francês, o holandês, o hebraico, o inglês, o italiano, o japonês,  o persa, o provençal, o quíchua, o russo e o turco. Também tem influências das línguas africanas faladas pelos povos que viviam nos territórios que Portugal dominou;
- O Português é uma das línguas oficiais da União Europeia, do Mercosul, da União das Nações Sul-Americanas, da Organização dos Estados Americanos e da União Africana.
- O Português tem aproximadamente 280 milhões de falantes, é a 5.ª língua mais falada no mundo, a 3.ª mais falada no hemisfério ocidental e a mais falada no hemisfério sul;
- Uma pessoa com um nível médio de instrução tem um vocabulário ativo de 1500 palavras;
- Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico é a palavra portuguesa mais extensa: tem 46 letras e designa a doença pulmonar causada pela inalação de cinzas vulcânicas.

Joana Fraga | Sofia Alves | 9.º B


Concurso de Leitura e Escrita ...

A Biblioteca Escolar dinamizou o Concurso de Leitura e Escrita. O livro que desafiou os candidatos intitula-se Vanessa vai à Luta, de Luísa Costa Gomes. Foi agradável auscultar as opiniões dos alunos e perceber que "entraram" na leitura com entusiasmo, deixando-se embeber pela curiosidade. O caminho foi aberto, mas seria importante dar continuidade a estes domínios - Leitura e Literacias - por forma a contribuir para a formação de leitores competentes, capazes de descodificar, compreender e utilizar a informação em diferentes suportes e para diferentes fins.
Os dinamizadores desta atividade, realizada no dia 27 de outubro, congratulam-se pelo modo como ela decorreu e agradecem a colaboração de todos os elementos  que nela se envolveram, esperando que, em próximo concurso, o entusiasmo de outros candidatos se evidencie.
O Diretor da Escola, Dr. Manuel Coutinho, entregou os prémios aos três primeiros classificados na cerimónia, que decorreu no dia 12 de novembro, na BE.  Nela estiveram presentes os colegas e amigos dos premiados, os encarregados de educação e os diretores de turma. Todos quiseram felicitá-los, bem como partilhar este momento de satisfação e alegria, que eram bem visíveis nos rostos de cada um.
Parabéns a todos os participantes e, especialmente, aos vencedores!



Vencedores do concurso:


1.º lugar - Margarida Guedes Mateus - 9.º B
2.º lugar - Marli Ribeiro - 8.º A
3.º lugar - Nuno Daniel Gouveia - 9.º H


Gosto pela Leitura...

Ilustração | Inês Catalão (inspirada por Miró) | 8.º H
Como aprendemos a gostar de livros e de ler? É ou não legítimo que pais e professores obriguem os alunos a ler? A obrigação “mata” o gosto pela leitura?

A Pedagogia está repleta de temas polémicos e a aquisição do gosto pela leitura também consta da lista. É certo que a leitura deve ser incentivada desde o início da vida. Ler e contar histórias às crianças contribui para formar futuros leitores. No entanto, há crianças que mesmo estimuladas não são atraídas pelos livros, pelas palavras. Devem os pais impor regras de leitura? Estabelecer um calendário e um horário para esta atividade? Devem recompensar os filhos por cada livro lido? Argumentam uns, entusiastas de uma educação mais diretiva:

- Sim, os pais também obrigam os filhos a comer, a dormir, a tomar banho… e eles desenvolvem esses gostos. Há crianças que foram obrigadas a ler e tornaram-se grandes leitores.
Outros, defensores de pedagogias mais liberais, contrapõem:
 - Obrigar uma criança a ler é o caminho mais certo para que ela deteste os livros e a leitura. Devem ser elas a procurar, não deve ser imposto.

Nestes casos, é sempre bom ouvir os outros e refletir sobre o que têm para dizer.

Os meus pais decidiram que nas férias, todos os dias, tinha que fazer um ditado, uma cópia e ler. Adquiri o gosto e o hábito da leitura.
Carolina Veloso | 8.º A

Nas férias, sempre tive que ler, de manhã e ao fim do dia. Gosto de ler.
Inês Alves | 8.º A

Fui habituada, desde o primeiro ciclo, a dedicar parte dos dias de férias a atividades relacionadas com a Escola, entre elas a leitura e a escrita. Adoro ler e escrever!
Mafalda Dinis | 8.º A





Camonianos e Pessoanos...

Há uma grande e polémica divisão no mundo literário português. Quem foi maior poeta: Luiz Vaz de Camões ou Fernando António Nogueira Pessoa?
Ouvimos os alunos do 12.º ano que estudam ambos.

Camões e Fernando Pessoa são considerados os maiores vultos da poesia portuguesa. Apesar de estarem separados por quase 400 anos e  por correntes literárias diferentes, há a problemática: qual deles é o melhor?
Dou preferência a Camões por duas razões: 
- porque foi e é uma referência e inspiração para os poetas portugueses, inclusive para Pessoa, na obra épico-lírica Mensagem;
- porque Camões viveu no tempo em que Portugal estava no apogeu, em que havia a sensação de esperança e que tudo se poderia tornar melhor, o que se nota na sua  obra grandiosa Os Lusíadas.
Aliás, Camões pede ao rei D. Sebastião que continue o exemplo dos antepassados para que possa “cantar” novas glórias. Ironicamente, os feitos pedidos por Camões a este rei não foram concretizados e a decadência em que o país mergulhou foi a temática mais presente em Mensagem. Nela, o país está estagnado, o que origina o mito do sebastianismo. É a imagem de um país mais triste, mais decadente, que se opõe ao Portugal camoniano. Por isto, prefiro Camões.
Aluno do 12.º ano

Na minha opinião, o melhor poeta Português é, sem dúvida, Camões, tanto pelas temáticas abordadas nos seus poemas: os feitos portugueses e a mitificação do herói em Os Lusíadas, mas também pelo seu estilo inconfundível, que demonstra um total domínio da Língua Portuguesa e uma genialidade patente nas suas obras. Não querendo afastar a capacidade poética de Pessoa, apenas acho que a subtileza e imaginação com que Camões fez as suas obras fazem com que ele seja, para mim, o melhor Poeta Português.
António Pinto Sousa | 12.º C

Camões ou Fernando Pessoa, qual o melhor poeta? Quando me perguntam isto é difícil responder, porque ambos são grandes génios da literatura. Neste ano letivo, tive a oportunidade de os estudar e fiquei fascinada.  Os Lusíadas, de Camões, e  Mensagem, de Fernando Pessoa, foram as obras que mais me marcaram, porque foi através delas que estes dois grandes autores cantaram os feitos heróicos da nossa História, bem como as figuras míticas que os protagonizaram.  Têm uma alma patriota incrível e incentivam-nos a não desistirmos do nosso país, por muito decadente que ele esteja, o que se adequa à situação atual. Pessoa e Camões servem-me de inspiração e fazem-me sentir ainda mais orgulho de ser portuguesa.
                                  Ana Rita Martins | 12.º C

 É difícil escolher entre estes dois grandes poetas, mas sendo necessário, teria de escolher Pessoa. Este poeta possui um charme que mais nenhum poeta português possui, não sei se pelos seus variados heterónimos ou se pela atualidade dos seus poemas. Ambos possuem uma grande capacidade de escrita e de incentivar o leitor a refletir, não deixando dúvidas de que eram grandes escritores. Camões proporciona-nos uma aventura pelos tempos dos Descobrimentos enquanto Pessoa, através da sua obra Mensagem, nos propõe uma interpretação de mitos e símbolos.
Concluindo, considero Fernando Pessoa o melhor poeta português devido à atualidade dos seus poemas e, principalmente, ao poema Tabacaria, do seu heterónimo Álvaro de Campos, que considero ser um dos melhores textos que alguma vez li.
João Mourão Cabo | 12.º C

Fernando Pessoa - O supra–Camões

O que torna difícil escolher entre Fernando Pessoa Camões é o facto de ambos terem criado uma obra completa e valiosa, tendo, cada um, a seu modo, enriquecido sobremaneira a literatura portuguesa.
Porquê então colocar Pessoa num patamar superior a Camões?
Em Os LusíadasCamões construiu uma obra épica muito bem desenvolvida e estruturada. Nela, o Povo Português é enaltecido, colocado ao nível dos deuses, sendo descritos os seus feitos heróicos durante a viagem para a Índia. Apesar disso, a personagem, o Povo Português, não é muito desenvolvida, é caracterizada de forma geral para abarcar um povo inteiro, o que dificulta ao leitor a  identificação com este herói, tão pouca é a informação dada sobre as características específicas. São os pequenos pormenores da personalidade de alguém que nos capta a atenção e, em Os Lusíadas, tudo é genérico. É claro que os temas são atuais e fáceis de encontrar na nossa sociedade, mostrando assim a sua intemporalidade e atualidade.
Sobressai então Pessoa, porque consegue dar uma dimensão mais profunda às personagens, por exemplo, em Mensagem descreve vários heróis da História de Portugal, que têm como base uma pessoa “de carne e osso”, depois mitificada, permanecendo, no entanto, a sua essência, os ímpetos que a motivam, a ela e a nós.
Para mim, Mensagem é superior a Os Lusíadas pois exige do leitor uma atitude mais ativa, até porque o que Pessoa pretende é despertar o Povo Português, levando-o a agir: “É a hora!”. Além disso, a presença tão rica de simbologia e conotações faz com que a obra seja uma espécie de enigma que devemos decifrar, apresentando argumentos que defendem a possibilidade de atingirmos a grandeza, afinal, o desfile de heróis em “Brasão” prova isso mesmo.
Enquanto a lírica de Camões representa uma realidade demasiado polida e embelezada para corresponder ao que é verdadeiramente real, Pessoa admite o fingimento, não como forma de enganar o leitor, mas sim para moldar algo que era real, intelectualizando-o: “Tudo o que sonho ou passo,/(...)É como que um terraço /Sobre outra coisa ainda./ Essa coisa é que é linda!”. Também talvez como consequência da sua própria fragmentação, Pessoa parece conhecer muito melhor a natureza  humana do que Camões, prova disso são os seus diversos heterónimos, cada um com uma identidade diferente, mas todos inteiramente genuínos.
Por tudo isto, mesmo sendo Camões um excelente poeta para a sua época, e tendo a sua obra muito valor para a nossa literatura, Pessoa supera-o, sendo, de facto, o “supra Camões”, inovando e explorando mais, oferecendo-nos uma obra construída de forma tão sublime que nos motiva, mesmo no contexto do “nevoeiro” atual.
Ana Olival | 12.º C

Camões e Pessoa deixaram um grandioso legado a nós, Portugueses, e à nossa língua. Sendo assim, como iria eu escolher um deles para melhor poeta português?
Decidi contrapô-los: um, conhecido como “o Zarolho” no seio estudantil, é autor do seu póstumo sucesso Os Lusíadas. Falo, é claro, de Luís de Camões que, em 10 cantos, 1102 estrofes e 8816 versos, reúne os heróicos feitos portugueses que pertencem à grande Época dos Descobrimentos. O outro, carinhosamente tratado por “Nando” ou até “o Bêbado” pelos mais jovens é (apesar da sua aparente “loucura”) um verdadeiro génio. Pessoa, os seus inseparáveis companheiros de vida - CaeiroReisCampos e tantos outros –, é o criador de uma vasta obra complexa e plurifacetada, da qual eu destaco Mensagem.
O que mais me agrada em Os Lusíadas é o tom com o qual o poeta canta o “peito ilustre Lusitano”. Quando leio esta epopeia, parece que estou dentro de um mundo maravilhoso, onde deuses e mortais se encontram no mesmo pé de igualdade no que toca às leis do Destino e os heróis mitificados obtêm a fama e a glória eternas.
Em Mensagem, aprecio o lado mais subjetivo e esotérico que este texto épico-lírico apresenta. Este conjunto de 44 poemas está carregado de significados ocultos e simbologias messiânicas, que me levam a refletir sobre a necessidade da existência de um herói que seja capaz de nos libertar de um passado longínquo e esbatido e de um presente decadente que, tal como uma corrente, nos prende. Pessoa tem a capacidade de me desafiar de forma constante e inexorável, fazendo-me acreditar que nós, Portugueses, fomos incumbidos de uma missão: realizar o sonho do Quinto Império.
Esta disputa pelo título do melhor poeta português resulta num empate técnico entre Camões e Pessoa. Cada um deles é sublime à sua maneira, mas ambos conseguem despertar o lado patriota/nacionalista que há em mim. Invocam também no meu ser um sentimento de orgulho neste povo cuja missão é unir o Ocidente ao Oriente e dar “mundos novos ao mundo”.

 Rita Lopes | 12.º C
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