Cidadania e Desenvolvimento
quarta-feira, 3 de julho de 2019
18:13
Etiquetas: A Escola , Aprendizagem , As pessoas contam , Cidadania , Olhares e pareceres
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O ano letivo encerra-se e, com ele, o primeiro ano de implementação de Cidadania e Desenvolvimento. Trabalharam-se domínios para desenvolver uma cidadania esclarecida, responsável e interventiva, como é próprio, ou deveria ser, das democracias. Viver em sociedade tem regras que devemos respeitar, ou contestar se as considerarmos injustas. Viver com os outros não é fácil, é uma aprendizagem ao longo da vida. Vejo com apreensão a falta de diálogo entre as novas gerações.
Nos intervalos, encontro sempre grupos de alunos que não interagem porque estão focados nos respetivos telemóveis. Aproximo-me deles e digo: “E se deixassem os telemóveis e falassem uns com os outros?” Deitam-me um olhar fugaz, esboçam um prenúncio de sorriso...e continuam com o olhar preso no artefacto que lhes ocupa as mãos e a mente.
No jornal Expresso de 22 de junho, na rubrica “Há Homem”, assinada por Luís Pedro Nunes, é abordada esta questão da omnipresença e poder dos telemóveis na vida dos jovens. O título “Geração Muda e o fim da conversa” identifica as consequências da realidade que hoje é vivenciada. Vale a pena citar alguns excertos que referem o desconforto dos jovens quando alguém, mesmo familiares, lhes ligam, eles preferem mensagens. “É desagradável ver o visor a dar sinal de pessoa a ligar. É um ato intrusivo. Inoportuno, a qualquer hora que seja.”
Noutra passagem refere “(…) esta geração não comunica sem ser por mensagens escritas - nas quais por sua vez expressa sentimentos por emojis.” Esclarece que esta forma de comunicar: “Não é um diálogo. É troca de fragmentos de dois monólogos. (…). Por isso, é tratada por «geração muda». Não fala sequer entre si quando chega a algum lugar - dado que se agarra ao smartphone como uma gárgula da catedral a olhar para o colo.”
Outra consequência, resultante de tanto olhar para o visor do telemóvel, é a incapacidade de entender as “expressões faciais e a linguagem corporal dos outros.”
O problema é preocupante e muitos prognósticos e diagnósticos têm sido feitos. Há escolas, muitas delas privadas, que proibiram a entrada de telemóveis nos respetivos estabelecimentos de ensino. Não sei se esta medida radical é a mais correta, até porque, cada vez mais, o telemóvel é utilizado como uma ferramenta de ensino e de aprendizagem.
Considero que o domínio Media, ou outro que possa ser criado dentro desta vertente, deve ser mais trabalhado no próximo ano letivo. Será útil ouvir os alunos a pronunciarem-se, dentro deste domínio, sobre o excesso de horas que passam ligados ao telemóvel e afins. Não será fácil levá-los a reconhecer que isso é um problema. Será interessante determo-nos nas possíveis propostas que eles apresentarão para solucionar, talvez o mais correto seja minimizar este “flagelo” das sociedades contemporâneas.
Rosalina Sampaio | Coordenadora de Cidadania e Desenvolvimento
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