Igualdade de Direitos?

Diogo Moreira | 12.º E
Sou rapariga. Serei mulher. Para mim, será sempre um motivo de orgulho. Não pude escolher, naturalmente, o meu género, contudo, gosto de pertencer ao sexo feminino, ao sexo que gera a vida, que luta diariamente pela mudança. São as mulheres o principal alvo de preconceito, não obstante todos os progressos já conquistados. As mulheres, para além dos desafios da vida diária, relacionados com o emprego, com a família e a própria saúde, enfrentam ainda uma grande batalha: o de se afirmarem numa sociedade formatada para aplaudir e apoiar o homem e colocar entraves às competências e iniciativas das mulheres.
Perguntar a uma adolescente se alguma vez sofreu alguma espécie de discriminação baseada no género é como perguntar ao sol se irá voltar a nascer após uma noite cerrada: a resposta será afirmativa. Pode variar o número de vezes, o grau de intensidade ou até a gravidade das situações, mas a resposta será sempre “Sim”. O simples facto de tal prevalecer no mundo inteiro, mesmo nos supostos países desenvolvidos, mostra o muito que as sociedades ainda terão que alcançar.
A desigualdade de direitos não se cinge aos salários inferiores, ao maior número de horas gastas em tarefas domésticas e à sua menor presença em cargos de alta chefia; engloba, para além disso, a educação imposta a cada um dos sexos. É desde pequenos que aprendemos que o azul é para os meninos e o rosa para as meninas, que os carros são dos rapazes e as bonecas das raparigas. Nas inocentes brincadeiras de crianças, as meninas tomam conta dos nenucos enquanto os meninos aventuram-se a ser bombeiros, polícias... Esperamos que os rapazes sejam sempre fortes e desafiadores e que as raparigas sejam discretas, embora propensas a zangas, choros, gritarias. É tudo uma questão de hormonas, certo?
Entretanto, crescemos, deixamos de ser as crianças inocentes no jardim-de-infância e saltamos para o recinto da escola do Primeiro Ciclo. Nessa fase, eu e as minhas coleguinhas passávamos os intervalos a observar os rapazes a jogar futebol e, em simultâneo, cochichávamos sobre os “colares” e camisolas que havíamos recebido. A maior parte das nossas conversas, todavia, eram direcionadas para a maria-rapaz do ano, a rapariga de cabelo apanhado e franja desgrenhada, que vestia um fato de treino azul e brincava com os rapazes. “Como se atreve?”, diziam as minhas amigas. E eu, no meu cantinho, achava-a uma corajosa. Quem é que se lembrava de ir jogar com aquelas “chitas” humanas, sujeita a levar uma bolada dolorosa na face?
Na minha opinião, é na adolescência que tomamos mais consciência do mundo em que vivemos. Atravessamos uma fase de maturação intelectual e começamos a juntar as peças do enorme puzzle que é a vida. Ouvimos as nossas avós aconselharem-nos a aprender a cozinhar, a engomar, a limpar o pó e cuidar da casa, não para nosso benefício pessoal, mas sim porque um dia nos será útil, no dia em que “casarmos e tivermos filhos”.
Mães e avós, tias e primas, juntam-se aos domingos, depois de almoço, a arrumar a cozinha enquanto os homens vão ao café.
Nós raparigas, se nos destacamos em qualquer tipo de atividade física, nunca temos o merecido reconhecimento já que “os homens são os verdadeiros desportistas”.
O atrevimento de andar na rua de calções, mesmo num dia em que a cidade se assemelha a um forno, paga-se caro: ouvimos piropos e comentários, por vezes, obscenos que fazem crescer em nós sentimentos de humilhação e impotência.
Sei que muitas mulheres vão remar sempre contra a corrente e fugir de ideias pré-concebidas. A nossa sociedade tem apresentado, contudo, consideráveis progressos, evoluindo calmamente. Nas novas gerações, rapazes e raparigas já tiveram a mesma educação na escola e que incentiva à tão desejada igualdade de direitos. A educação em casa é que, em muitos casos, ainda é diferente. Parece que as raparigas têm mais obrigação de participar nas tarefas domésticas que os rapazes. Mas há progressos. A História ensina-nos que o mundo necessita da mudança, necessita daqueles que refletem sobre a sociedade e apresentam alternativas ao que está, daqueles que desafiam as regras estabelecidas e querem melhor. A sociedade preconceituosa tem que acabar. Com os nossos protestos em alta voz, as nossas ideias justas e defensoras da igualdade, a denúncia das testemunhas tantos séculos silenciadas, a coragem e a perseverança que temos, vamos contribuir para que homens e mulheres estejam a par e não uns mais à frente que outros (outras).

E jamais cairemos nos rápidos!


Sofia Lopes | 11.º F




O Broas

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