Igualdade de Direitos?
quarta-feira, 11 de julho de 2018
17:44
Etiquetas: Aprendizagem , As pessoas contam , Cidadania , Igualdade , Igualdade de Direitos , Olhares e pareceres
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Diogo Moreira | 12.º E
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Sou
rapariga. Serei mulher. Para mim, será sempre um motivo de orgulho. Não pude
escolher, naturalmente, o meu género, contudo, gosto de pertencer ao sexo feminino,
ao sexo que gera a vida, que luta diariamente pela mudança. São as mulheres o
principal alvo de preconceito, não obstante todos os progressos já conquistados.
As mulheres, para além dos desafios da vida diária, relacionados com o emprego,
com a família e a própria saúde, enfrentam ainda uma grande batalha: o de se
afirmarem numa sociedade formatada para aplaudir e apoiar o homem e colocar
entraves às competências e iniciativas das mulheres.
Perguntar a uma adolescente se alguma vez sofreu
alguma espécie de discriminação baseada no género é como perguntar ao sol se
irá voltar a nascer após uma noite cerrada: a resposta será afirmativa. Pode
variar o número de vezes, o grau de intensidade ou até a gravidade das
situações, mas a resposta será sempre “Sim”. O simples facto de tal prevalecer
no mundo inteiro, mesmo nos supostos países desenvolvidos, mostra o muito que
as sociedades ainda terão que alcançar.
A desigualdade de direitos não se cinge aos salários
inferiores, ao maior número de horas gastas em tarefas domésticas e à sua menor
presença em cargos de alta chefia; engloba, para além disso, a educação imposta
a cada um dos sexos. É desde pequenos que aprendemos que o azul é para os
meninos e o rosa para as meninas, que os carros são dos rapazes e as bonecas
das raparigas. Nas inocentes brincadeiras de crianças, as meninas tomam conta
dos nenucos enquanto os meninos aventuram-se a ser bombeiros, polícias...
Esperamos que os rapazes sejam sempre fortes e desafiadores e que as raparigas
sejam discretas, embora propensas a zangas, choros, gritarias. É tudo uma
questão de hormonas, certo?
Entretanto, crescemos, deixamos de ser as crianças
inocentes no jardim-de-infância e saltamos para o recinto da escola do Primeiro
Ciclo. Nessa fase, eu e as minhas coleguinhas passávamos os intervalos a
observar os rapazes a jogar futebol e, em simultâneo, cochichávamos sobre os
“colares” e camisolas que havíamos recebido. A maior parte das nossas
conversas, todavia, eram direcionadas para a maria-rapaz do ano, a rapariga de
cabelo apanhado e franja desgrenhada, que vestia um fato de treino azul e
brincava com os rapazes. “Como se atreve?”, diziam as minhas amigas. E eu, no
meu cantinho, achava-a uma corajosa. Quem é que se lembrava de ir jogar com
aquelas “chitas” humanas, sujeita a levar uma bolada dolorosa na face?
Na minha opinião, é na adolescência que tomamos mais
consciência do mundo em que vivemos. Atravessamos uma fase de maturação
intelectual e começamos a juntar as peças do enorme puzzle que é a vida.
Ouvimos as nossas avós aconselharem-nos a aprender a cozinhar, a engomar, a
limpar o pó e cuidar da casa, não para nosso benefício pessoal, mas sim porque
um dia nos será útil, no dia em que “casarmos e tivermos filhos”.
Mães e avós, tias e primas, juntam-se aos domingos,
depois de almoço, a arrumar a cozinha enquanto os homens vão ao café.
Nós raparigas, se nos destacamos em qualquer tipo de
atividade física, nunca temos o merecido reconhecimento já que “os homens são
os verdadeiros desportistas”.
O atrevimento de andar na rua de calções, mesmo num
dia em que a cidade se assemelha a um forno, paga-se caro: ouvimos piropos e
comentários, por vezes, obscenos que fazem crescer em nós sentimentos de
humilhação e impotência.
Sei que muitas mulheres vão remar sempre contra a
corrente e fugir de ideias pré-concebidas. A nossa sociedade tem apresentado,
contudo, consideráveis progressos, evoluindo calmamente. Nas novas gerações,
rapazes e raparigas já tiveram a mesma educação na escola e que incentiva à tão
desejada igualdade de direitos. A educação em casa é que, em muitos casos,
ainda é diferente. Parece que as raparigas têm mais obrigação de participar nas
tarefas domésticas que os rapazes. Mas há progressos. A História ensina-nos que
o mundo necessita da mudança, necessita daqueles que refletem sobre a sociedade
e apresentam alternativas ao que está, daqueles que desafiam as regras
estabelecidas e querem melhor. A sociedade preconceituosa tem que acabar. Com
os nossos protestos em alta voz, as nossas ideias justas e defensoras da
igualdade, a denúncia das testemunhas tantos séculos silenciadas, a coragem e a
perseverança que temos, vamos contribuir para que homens e mulheres estejam a
par e não uns mais à frente que outros (outras).
E jamais cairemos nos rápidos!
Sofia Lopes | 11.º F
O Broas
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