Lamentável e Admirável Vida Nova
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O SARS CoV-2, o novo Coronavírus, desabou sobre nós e alastrou a uma velocidade vertiginosa, passando a comandar a nossa vida sem pedir licença e sem grande aviso (?!). Provocou grande reviravolta, pouco ficou como era.
Desencadeou uma Lamentável Vida Nova: as vítimas e os seus familiares - as famílias separadas - a liberdade limitada - os espaços vazios, despejados de gente e de vida humana…
Surgiu uma Admirável Vida Nova: as novas formas de solidariedade - a abnegação do pessoal da área da saúde - a rápida adaptação dos professores ao E@D – o respeito pelo cumprimento das regras de conduta por todos ou quase todos…
Passamos a conhecer as diferenças entre estado de sítio ou de emergência e estado de calamidade…
O mundo das máscaras preventivas revelou-se vasto, diversificado e muito criativo em designações, formatos e materiais utilizados.
Na Vida Nova, os a. C. e d. C. históricos ganharam um novo significado: antes da Covid - durante a Covid. A designação “distanciamento social” entrou na linguagem de todos e tem sido criticada devido aos resquícios de desigualdade que remetem para a sociedade de ordens, de L’Ancien Régime. Talvez “afastamento pessoal” ou “afastamento higiénico” fossem mais inócuos, socialmente falando.
Na saúde, “descobrimos” que há Medicina Intensivista que “presta suporte avançado de vida a pacientes com desarranjo agudo de alguma função vital” e que médicos, enfermeiros e assistentes operacionais usam equipamento complexo que aproxima a sua aparência dos “doutores da peste” medievais. Entre todos os apetrechos de prevenção e defesa usados nos hospitais, a “descoberta” da palavra balaclava, sinónimo dos passa-montanhas…
Na educação, as escolas foram obrigadas a ler e analisar decretos-lei, roteiros e orientações e a conceber novos documentos para se adaptarem ao novo contexto de ensino.
Afirmou-se o E@D com recurso a plataformas e aplicações que os professores tiveram de conhecer e dominar num ápice. Afirmou-se uma panóplia de neologismos e palavras em desuso: aulas síncronas, aulas assíncronas, videoaulas, audioaulas, videoconferências, salas simultâneas, compartilhamento de tela… A expressão que os professores mais pronunciam, nestes tempos, é: “Estão a ouvir-me?”
Multiplicaram-se as ações de formação sobre ferramentas digitais, recursos imprescindíveis para a nova forma de ensinar e de aprender.
Os alunos e os encarregados de educação também tiveram de desenvolver competências digitais para aceder às aulas e aprender através dos meios informáticos. A vida familiar foi reorganizada e apetrechou-se para as novas modalidades de ensino e de aprendizagem.
A desculpa mais frequente dos alunos, transmitida pelos colegas, é: “Estou com problemas, no micro(fone)!” Dá-se conta que a linguagem dos alunos adotou “brasileirismos”, entre os quais, se destaca usuário, em vez do nosso “utilizador”.
Nestes tempos de incerteza e de mudanças, a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento infletiu o percurso para pesquisar e estudar a pandemia no domínio da Saúde.
Que o próximo ano seja melhor para todos!
Rosalina Sampaio | Coordenadora de Cidadania e Desenvolvimento
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