O E@D é uma solução para o futuro?


Desde o início do E@D, no dia 16 de março, quando o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais, devido à Covid-19, uma das principais preocupações dos professores como agentes mais diretos da educação foi a de assegurar o acesso à aprendizagem. As escolas mergulharam num oceano digital e o E@D impôs-se! As TIC iriam permitir um papel ativo dos alunos na procura do saber. Surgiram dúvidas: os professores estão preparados para esta modalidade de ensino? Os alunos aprendem no E@D?

Os professores, apesar das dificuldades e constrangimentos, prepararam-se para este tempo de exigências ao nível das metodologias de trabalho e da literacia tecnológica e muniram-se de um manancial de propostas que prendesse os alunos ao computador. Fizemos, como diz o povo, “das tripas coração” para acompanhar e ensinar os nossos alunos. Para aqueles que lecionam níveis de ensino como os 11.º e 12.º anos, a maior inquietação foi a aprendizagem dos conteúdos por parte dos alunos, já que atempadamente estes se submeterão a um Exame Nacional em algumas disciplinas. Sabemos de antemão que a motivação, a autoconfiança e a participação dos alunos no processo de ensino e de aprendizagem são condições sine qua non do sucesso nos estudos.

Ora, através das aulas síncronas e assíncronas, os alunos assumiram uma atitude mais participativa no seu processo de ensino e de aprendizagem, desenvolvendo as competências do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Pode dizer-se que, por vezes, trabalharam mais do que quando estavam na aula presencial. Mas a suspensão da rotina escolar, da interação aluno-aluno e aluno-professor leva-nos a repensar o papel da escola.

Olhando para a etimologia, a palavra escola, que vem do grego skholê, significa "ócio", “lazer ou tempo livre”, pois, desde as suas origens, para os gregos, a aprendizagem esteve relacionada com a ideia de entretenimento e interesse individual. Na Grécia Antiga, escola era uma reunião, um momento, em que os cidadãos gregos tiravam um tempo livre para discutirem sobre filosofia e alguns comportamentos sociais.

Hoje, a escola não é só um espaço de partilha de conhecimentos, esta assume também uma função social, permitindo um desenvolvimento de competências sociais e emocionais que não são totalmente reproduzíveis à distância.

Com o regresso ao ensino presencial, no dia 18 de maio, os alunos, saudosos da relação emocional e coletiva que se estabelece nas aulas presenciais, otimizaram as suas aprendizagens, através da troca de conhecimentos que vêm da interação, dos debates em sala de aula, facilitando, assim, o desenvolvimento do senso crítico e a abertura da mente para novas ideias.

Que conclusão podemos, então, tirar sobre o E@D?

Este método pode ser uma via de ensino eficaz, pois proporciona aos alunos uma espécie de continuidade da aprendizagem, mas não é um método completo. A chave pode estar numa abordagem mista que agrega o ensino presencial e o ensino à distância.

 

 

Sónia Nogueira | Professora de Português

 


O Broas

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